Um projeto para colheitas permanentes
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sexta-feira, 26 de julho de 2002
Reportagem local
Anízio Endo, de Barra Nova, Apucarana, tem 24,20 ha de café adensado, cereais e frutas (abacate, caqui, goiaba, mexirica, ponkan e uva). Conduz a propriedade desde 1978, quando chegou de Santa Mariana, com os pais. Embora morando na cidade nos últimos anos, sua atividade principal é a agricultura que explora em parceria: ele banca os insumos e cuida da comercialização e o parceiro fica com a mão-de-bra, mas não sozinho porque Endo, quando necessáriok, também pega no pesado. A parceria dura 14 anos.
''O agricutor, hoje, tem que saber comercializar; saber comprar e saber vender na hora certa. Se não tiver boa gerência, do jeito que as margens de lucro são estreitas, não sobra nada'', ensina Endo.
A propriedade, embora pequena, requer dedicação porque são muitos itens. ''Eu planejei isto aqui para que houvesse colheitas permanentes de frutas e hortaliças, mas não deu cem por cento certo. Não totalmente'' - ressalva.
Para dar certo, Endo precisaria contar com a ajuda do clima, o que nem sempre é possível. ''Não depende só da mão-de-obra e da técnica, tem que ter o aval de São Pedro, lá em cima - brinca. E completa - e de um outro Pedro, aquele da chave da economia, o Malan''.
Endo, a exemplo de outros entrevistados na região de Apucarana, não é muito de reclamar. É bem-sucedido. Mas tem claro que, ao longo de toda uma história - dedicada com amor à terra e às plantas -, que a agricultura é realmente a parte mais prejudicadas de todos os personagens do processo de produção.
''Agricultor é o mais penalizado e não devia ser assim, afinal de contas não é tão fácil produzir; nem sempre depende só da dedicação e da competência. É preciso sorte.
Por falar em sorte, Endo - que não reclama - parece não desejar o mesmo destino para os filhos. Eles já estão escolhendo seus caminhos. Preferem não mexer com agricultura, talvez por sentir o nosso sofrimento''.
Eduardo, filho mais velho vai fazer vestibular para medicina na Universidade de Ponta Grossa. Já sabe que são 2.700 candidatos para 20 vagas. Fernando, de 15 anos, se prepara para fazer um curso relativamente novo: megatrônica, e talvez queira estudar em Florinópolis onde o curso é bom.
