O programa Trator Solidário possibilitou o financiamento com preços mais acessíveis de mais de 13 mil tratores, pulverizadores e colhedoras para pequenos produtores rurais nos últimos 15 anos.

Após adquirir um trator novo pelo programa, Eliel dos Santos Silva aponta um aumento de 40% na produtividade de hortaliças
Após adquirir um trator novo pelo programa, Eliel dos Santos Silva aponta um aumento de 40% na produtividade de hortaliças | Foto: Arquivo pessoal

É uma parceria entre a Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado), o IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural)-Paraná, a Fomento Paraná, agentes financeiros e cooperativas de crédito, além de fabricantes de implementos, equipamentos, tratores e máquinas agrícolas.

O Trator Solidário é destinado a pequenos produtores com propriedades entre 12 e 80 hectares e renda bruta anual de até R$ 500 mil, oriunda da atividade agrícola. Esse segmento responde por cerca de 40% a 45% da produção bruta no território paranaense.

O programa impulsionou fortemente o processo de renovação e ampliação do parque de máquinas nas unidades familiares paranaenses, entregando tratores com potência variando entre 55 cv até 75 cv.

“Criado em 2007, o programa visa fazer com que o produtor acesse um produtor novo, moderno, que traga eficiência para a sua produtividade dentro da sua propriedade e com preço mais barato que o tradicional oferecido pelo mercado. Os preços são tabelados, fixados em edital, em torno de 10% a 15% abaixo do preço praticado no mercado”, explica Salatiel Turra, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab.

Segundo ele, o edital de credenciamento das fábricas e concessionárias já foi aberto neste ano. “Após o credenciamento teremos também o convênio com algumas instituições financeiras que fazem o financiamento para os produtores”, explica.

No entanto, neste ano ainda não começaram a ser aceitas as propostas dos produtores que desejam financiar os tratores, já que uma determinação do governo federal suspendeu, por ora, as operações de investimentos. “Tão logo sejam abertas essas operações, faremos um comunicado técnico aos parceiros e comunicaremos a sociedade”, explicou.

ALAVANCA

O produtor de hortaliças Eliel dos Santos Silva adquiriu em 2011 um trator novo pelo programa, com 55 cavalos de potência. A máquina substituiu o veículo antigo, menos potente (40 cv), com mais de 40 anos de uso e com um baixíssimo rendimento por conta da utilização excessiva.

“Ficou bem em conta. Na época eu paguei R$ 45 mil pelo trator por meio do Trator Solidário, sendo que o mesmo, se eu fosse financiar sem esse incentivo, iria custar uns R$ 60 mil. O técnico do IDR veio aqui na minha propriedade e depois fez todo o projeto para eu adquirir o trator”, relembra.

Segundo Eliel, o financiamento foi feito em 10 anos, de maneira que ele quitou as parcelas no ano passado, a juros bem baixos – 2,5% ao ano. “Facilitou muito a minha vida”, afirmou.

Mais de 10 anos depois, Eliel diz que os pneus do trator adquirido pelo programa ainda estão seminovos.

Segundo ele, desde então o novo equipamento proporcionou um aumento de 40% na produtividade de hortaliças, já que facilitou muito o preparo da terra. “O outro trator patinava, esse é mais potente, tem mais força, é ideal para a minha produção.”

Eliel planta quase 20 variedades de hortaliças na sua propriedade, como alface, espinafre, rabanete, couve-flor, brócolis, salsinha, cebolinha, entre outras. Com 7 hectares, o Sítio Tapera da Lagoa fica no Patrimônio Selva, na região sul de Londrina. “Toda a minha produção vai para mercados, sacolões e pra Ceasa de Londrina”, conclui.

REGIÕES

Segundo relatório divulgado recentemente sobre o programa, algumas regiões paranaenses se destacam de forma mais agressiva na aquisição de tratores, seja pelas condições de relevo e solo mais favoráveis às explorações agropecuárias, seja pela própria estrutura de apoio envolvendo uma rede maior de agentes financeiros, concessionários com maior capacidade de divulgação e vendas e assistência técnica.

Em relação aos núcleos regionais da Seab, os de Toledo, Curitiba e Francisco Beltrão aparecem com os maiores números de tratores recebidos por meio do programa desde 2007.

Dos R$ 891,7 milhões financiados no período, as regiões de Toledo (R$ 90,1 milhões), Curitiba (R$ 76,8 mi) e Francisco Beltrão (R$ 83,8 mi) financiaram, juntas, quase 30% do valor total liberado em todo o Estado, somando R$ 250,7 milhões. Entre os 13.275 tratores financiados desde então, as três regiões financiaram, juntas, 3.682 equipamentos, quase 28% das máquinas.

Em relação às colhedoras financiadas pelo programa, os núcleos regionais de Cascavel e Toledo encabeçam o valor financiado, representando mais de 30% do valor total liberado entre 2015 e 2020. Dos R$ 86,6 milhões financiados no período para 279 colhedoras, Cascavel e Toledo financiaram, respectivamente, R$ 15 milhões (46 equipamentos) e R$ 12,4 milhões (40 colhedoras).

Já em relação aos pulverizadores financiados, os núcleos regionais de Ponta Grossa e Curitiba foram os mais favorecidos considerando o número total de máquinas entre 2015 e 2018.

Do total de R$ 2,2 milhões que financiaram 115 pulverizadores, os dois núcleos financiaram mais de 32% do total – Ponta Grossa, com R$ 433,8 mil (22 pulverizadores), e Curitiba, com R$ 239,8 mil (15 máquinas).

ACESSO

Assim que as propostas forem reabertas, o agricultor interessado em adquirir máquinas pelo programa Trator Solidário deve procurar a unidade do IDR Paraná em seu município. O telefone do IDR de Londrina é (43) 3376-2000.

Foto em destaque: Jaelson Lucas/Arquivo AEN

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