Os dejetos da pecuária bovina têm grande potencial poluente e são um problema para os produtores. Em grande parte das propriedades paranaenses terminam descartados diretamente no solo. No entanto, esse resíduo – uma mistura de estrume, urina, restos de ração e água de limpeza proveniente, em sua maior parte, de salas de alimentação e ordenha – é rico em nitrogênio e fósforo, nutrientes que podem ser utilizados para a adubação de lavouras comerciais. As informações são da Agência Estadual de Notícias.

Foi pensando nessas duas características que Graziela Barbosa, engenheira do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater, desenvolveu uma metodologia para estimar a quantidade de nitrogênio e fósforo dos dejetos líquidos de bovinos, para o aproveitamento desse material como fertilizante orgânico, em vez do simples descarte no solo. “A ideia era criar uma técnica rápida e possível de ser feita no campo para o produtor usar o dejeto com critério agronômico”, ela conta.

O resultado é a publicação “Uso do dejeto líquido de bovino baseado nos teores de nitrogênio e fósforo”, que traz a metodologia passo a passo e foi apresentada recentemente em Cascavel, no Oeste, durante o Show Rural. Além de Graziela Barbosa, também figuram como autores da obra o pesquisador Mário Miyazawa, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater, e Danilo Bernardino Ruiz, doutorando em química na UEL (Universidade Estadual de Londrina).

O cálculo do teor de nitrogênio e fósforo presente nos dejetos é feito com ajuda de um densímetro. Trata-se de um instrumento de laboratório parecido com aquele que se vê nas bombas dos postos de combustível, e que pode ser encontrado com facilidade no comércio, segundo a pesquisadora.

A partir da medida obtida no densímetro, o produtor consulta uma tabela para saber quanto há de nitrogênio e fósforo nos dejetos de sua propriedade. “Além de dar uma destinação adequada aos dejetos que gera na propriedade, o produtor diminui a quantidade desses nutrientes na adubação química e, com isso, reduz o custo de produção da lavoura”, explica Graziela.

De acordo com ela, perto de 170 mil propriedades dedicadas à pecuária no Paraná podem aproveitar dejetos líquidos de bovinos na adubação de lavouras e, dessa forma, reduzir o risco de poluição do solo e dos rios.