Tabela de amostragem
O monitoramento das lavouras de café para controle da broca a partir de agora pode ser feito de forma mais ráápida e segura, com o uso da tabela de amostragem desenvolvida pelo agrônomo Rodolfo Bianco, pesquisador da Área de Proteção de Plantas do Iapar. Elaborado como a base para o manejo ecológico de pragas, esse instrumento deverá evitar o uso desnecessáário de inseticida. ‘‘Apesar de toda a divulgação que tem sido feita pelos técnicos, muitos cafeicultores realizam aplicações de inseticidas sem necessidade, aumentando o custo de produção e trazendo riscos ambientais e a pessoa que aplica o produto’’, afirma Bianco.
O trabalho concorreu na categoria Produtos e Processos da Mostra Competitiva da Ruraltech, durante a 40ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. O pesquisador inscreveu também a tabela de amostragem para lagarta do cartucho de milho na mostra, que jáá foi distribuída para 5 mil pessoas no Estado, apresentando os dois trabalhos na última terça-feira na Ruraltech.
A tabela para amostragem da broca foi criada para ajudar os produtores na tomada de decisão de controlar ou não a praga com aplicação de inseticida. Seu uso deveráá auxiliar os técnicos na classificação das infestações da praga por região e ou local, adequando-se para compor ‘‘sistemas de alerta’’. Além disso, ‘‘o emprego da tabela serve como banco de dados para auxiliar no planejamento de ações futuras, como por exemplo, priorizar talhões na hora da colheita’’, explica o pesquisador.
A tabela áé de fáácil entendimento e sua aplicação estáá sendo testada por 120 agricultores e técnicos da Emater e de cooperativas dos municípios de Ribeirão Claro, Bandeirantes, Ivaiporã, Cianorte, Altônia e Cafelândia. Além dessas pessoas que estão sendo treinadas, nos meses de janeiro e fevereiro, o pesquisador distribuiu mais 700 tabelas.
A pesquisa foi feita partir de ensaios montados em Londrina, Abatiá e Ribeirão do Pinhal, entre os anos de 1997 e 1998. A validação, realizada a campo em 99 com testes em 25 lavouras, em duas ocasiões, comparando o uso da tabela com uma amostragem padrão, mostrou 94% de acertos na tomada de decisões, com uma economia de tempo de 78%.
Como funcionaPara usar a tabela, que tem duas colunas com seqências numeradas, o produtor deve fazer o mapa propriedade, situando as lavouras de café. Depois disso, divide as ááreas em talhões homogêneos (de 2 mil a 3 mil covas) com base nas cultivares diferentes, idade das plantas, localização e modalidade de plantio (convencional, adensado e/ou sombreado).
A etapa seguinte é a numeração dos talhões, procurando fazer um traçado que passe por todos eles e que racionalize o tempo. Esses talhões devem ser anotados numa planilha que também indicaráá o tamanho do lote, a variedade, a idade da planta, a data da avaliação e a decisão alcançada (controlar ou não a praga com inseticida).
Outro procedimento importante para o uso da tabela é a época da realização da amostragem. ‘‘O trabalho deve ser iniciado quando a florada mais significativa completar de 90 a 120 dias que, no Paraáná, geralmente coincide com a segunda quinzena de dezembro’’, lembra Bianco.
Na amostragem tradicional, o produtor leva de 55 a 60 minutos para analisar cada talhão. ‘‘Com a tabela, esse mesmo talhão é avaliado entre 10 e 12 minutos. Uma pessoa consegue realizar a amostragem numa áárea de 30 a 40 talhão por dia", explica.
Pelo emprego da tabela, são consideradas amostras infestadas aquelas que tiverem pelo menos um fruto brocado entre os 10 frutos observados no ramo. Em cada planta são avaliados 5 ramos. A decisão de aplicar ou não o inseticida deverá ser tomada depois que o agricultor examinar pelo menos 5 plantas. Essa decisão é indicada na segunda coluna da tabela, ao lado da coluna onde é feita a marcação do número de amostras infestadas.
O pesquisador conta que jáá estáá fazendo adaptações no trabalho e desenvolvendo outra tabela, mais simples, para facilitar ainda mais a realização da amostragem. O trabalho de pesquisa que permitiu o desenvolvimento das tabelas de amostragem de lagarta do milho e broca do café foi parcialmente financiado pelo Funcafe.(D.B.)