Cerca de 0,033% dos porcos transportados pelas rodovias chegam a seu destino mortos. Pode parecer um número pequeno, mas isso representa uma perda de mais de R$ 1,5 milhões ao ano em uma única planta frigorífica. Quando se leva em conta animais que chegam machucados ou com algum tipo de anomalia, o número pode subir para R$ 5 milhões, isso em uma planta que abata 1500 suínos por dia. Esses dados são relatados por Vitor Hugo Pereira, médico veterinário e um dos fundadores da LebenLOG, startup que prevê diminuir essas taxas por meio do rastreamento e monitoramento do transporte. A iniciativa foi criada em parceria com a médica veterinária Luiza Munhoz e o engenheiro mecânico Luiz Antônio Fernandes.

Imagem ilustrativa da imagem Startup cria app para evitar mortes de suínos em transporte
| Foto: iStock

A equipe percebeu que a morte de animais afeta gravemente a cadeia de produção, e “o problema existe e esse mercado precisa de uma solução” diz o veterinário. Assim surgiu a ideia de monitorar as variáveis presentes no momento do transporte, uma vez que essa etapa é considerada a de maior estresse para os animais no processo.

O primeiro passo da startup foi aplicar a ideia na análise de dados coletados durante o trajeto de um caminhão que tenha suínos como carga, o que deu origem ao sistema TransPork. Para coletar os dados, um equipamento é acoplado à carroceria do veículo com sensores que monitoram elementos como tempo de embarque e desembarque, estabilidade da carga, tempo de viagem e velocidade média. Ao fim, as informações são armazenadas em nuvem e compartilhadas com “os contratantes que conseguem ver os dados de uma forma mais intuitiva em um relatório com índices de zero a dez sobre os dados da viagem, identificando pontos que precisam de melhorias”, explica.

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| Foto: Arquivo pessoal

Por meio desses dados, é possível avaliar o desempenho entre modelos de caminhões em toda uma frota. “A gente consegue, através desses dados, ter informações suficientes para poder ter uma tomada de decisão mais assertiva, que não fique baseado somente em literatura” – completa. Hoje, o projeto está no BioPark, em Toledo, e entrou em fase de teste em algumas empresas e tem sido bem avaliado.

A LebenLOG, criada em 2019, foi finalista nos concursos da Startup Weekend, Hackathon Smart Agro e InovaPork da EMBRAPA Suínos e Aves. Foi, também, selecionada pelo projeto Centelha, da fundação estadual de amparo à pesquisa FA (Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Técnológico do Estado do Paraná), que oferece aporte financeiro e consultorias à equipe. Segundo Pereira, o objetivo é abrir a LebenLOG para o mercado até o fim do ano e expandir a atividade para outras áreas, trabalhando com o monitoramento de transporte de diferentes animais, como aves, peixes e bovinos.

*Supervisão de Patrícia Maria Alves (editora)