Cristina Côrtes
De Londrina
Os visitantes do estande da Embrapa na 40ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina puderam conhecer as mais recentes tecnologias colocadas à disposição dos produtores de soja. Desde técnicas de multiplicação de percevejos para trabalhos de pesquisa até equipamentos para melhorar a qualidade da água nas propriedades.
São técnicas simples, resultado da criatividade dos pesquisadores que conseguem encontrar sem muito custo soluções para problemas da atividade rural. Uma delas é a nova técnica que facilita a criação de percevejos em laboratório. Num primeiro momento, para quem toma conhecimento do trabalho, surge a pergunta: ‘‘Quais as vantagens de ficar multiplicando uma praga em laboratório? ’’
Mas, a resposta do pesquisador Antonio Ricardo Panizzi, da Embrapa Soja, explica que a nova técnica vai agilizar a criação do percevejo em laboratório. Essa praga é utilizada para a multiplicação da ‘‘vespinha’’, que servirá para controlar o percevejo nas lavouras.
AgilizarA nova técnica desenvolvida em parceria entre Embrapa Soja e Universidade de São Paulo combina a utilização de um dieta artificial sólida com o uso de plantas artificiais. Atualmente as criações de percevejos usam plantas de soja naturais e sementes secas para fornecimento de nutrientes à praga.
‘‘No método tradicional se gasta mais e demora mais tempo para você conseguir altas populações da praga. É preciso esperar a planta crescer nas casas de vegetação e isto exige cuidados na sua manutenção’’, explica Panizzi.
A idéia de usar uma planta de plástico surgiu por acaso, quando o pesquisador observava plantas num supermercado. Depois de contato com trabalhos japoneses que desenvolveram substrato sólido para alimentação de insetos sugadores, Panizzi procurou o pesquisador José Roberto Postali Parra, da USP, responsável pela reformulação dos componentes deste substrato.
Com o substrato, Panizzi testou as folhas de plástico que foram borrifadas com água com ‘‘cheiro de soja’’, para atrair os insetos e o resultado foi ‘‘excelente’’, comenta. A nova técnica vai facilitar inúmeros trabalhos de pesquisa como testes de doses de agrotóxicos, testes de feromônios.
‘‘Os resultados da técnica são promissores, reduzindo em 70% os custos com este tipo de pesquisa’’, comenta Panizzi. Os trabalhos serão apresentados para a comunidade científica no 21º Congresso Internacional de Entomologia, a ser realizado em agosto em Foz do Iaguaçu.
Qualidade da águaA Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP) mostrou na Exposição 2000 um equipamento simples para clorar a água nas propriedades rurais e evitar doenças comuns como diárreia, hepatite, tifo e salmonelose.
‘‘A contaminação da água por fezes humanas e de animais é muito comum e provoca diversas doenças e para combatê-las desenvolvemos um clorador simples e de baixo custo ’’, explica o médico veterinário Antonio Pereira de Novaes.
Outra tecnologia apresentada foi o tratamento alternativo para animais picados por serpentes. ‘‘O tratamento dispensa o soro antiofídico, que muitas vezes é difícil de encontrar’’, comenta Novaes.
O tratamento é feito com um antiinflamatório não esteróide associado a um diurético injetável, que tem o objetivo de impedir a progressão do edema causado pelo veneno. ‘‘Com este procedimento, o veneno cai na circulação e é metabolizado, impedindo a morte ou sacrifício do animal’’, explica.
O pesquisador alerta que este tratamento é só para animais, não devendo ser utilizado em seres humanos.
Mais informações na Embrapa Pecuária Sudeste pelo telefone (16) 272-5754.