Quase um terço de todo o território paranaense (28%) é ocupado pela cultura da soja. Ao todo, são 5,6 bilhões de hectares de área plantada na safra 2020/2021, ou 56 mil km², sendo que o Paraná tem um território de quase 200 mil km².

A principal região produtora é Campo Mourão, ao concentrar, em março, 12% das plantações de soja no Estado. Na sequência, figuram as regiões de Ponta Grossa, Cascavel, Toledo, Pato Branco, Londrina, Cornélio Procópio e Francisco Beltrão (leia mais no quadro).

Safra paranaense 2020/2021 concentra 5,6 bilhões de hectares de área plantada
Safra paranaense 2020/2021 concentra 5,6 bilhões de hectares de área plantada | Foto: Gilson Abreu/Agência Estadual de Notícias

O agricultor Valdomiro Rebellato é um dos paranaenses que apostam no cultivo da soja desde os anos 1970. Hoje ele é responsável pelo cultivo em uma área de 345 hectares em Cascavel, na região oeste, que foi colhida no início de março.

“Houve uma evolução muito grande nessas últimas décadas e a tendência é produzir cada vez mais. Muita tecnologia, variedades novas de sementes e muito conhecimento para o trato do solo, de maquinário, da época de plantio. Quem investe tem retorno garantido”, afirma.

Na propriedade do produtor, máquinas com GPS garantem mais precisão e diminuem perdas na semeadura e na colheita, além de evitar que a mesma área seja pulverizada mais de uma vez, por exemplo. Mas, para ele, o que mais evoluiu nas últimas décadas foi o preparo do solo.

“A gente começou o cultivo, em 1971, muito precariamente, mas as coisas evoluíram bastante. Naquela época, a gente colhia 60 sacas por alqueire. Em meados dos anos 1980 já eram 100 sacas. Aí vieram novas tecnologias da Embrapa, de empresas particulares, que elevaram a produtividade, principalmente graças ao tratamento de solo”, conta.

No ano passado, Valdomiro fez um experimento em uma área pequena, com análise em laboratório de talhão em talhão de solo para ver as necessidades nutricionais. “Ela fechou com uma média de 211 sacos por alqueire, quatro vezes mais do que colhíamos há 50 anos. Este ano a produtividade deve ser menor devido ao clima, mas que será compensada com o preço, que está muito bom por causa do dólar”, completa.

Imagem ilustrativa da imagem Soja ocupa 28% do território do Paraná
| Foto: Folha Arte

Valor

“A soja é o primeiro produto a gerar valor na agricultura do Paraná. Em 2019, foi responsável pela geração de quase R$ 20 bilhões. Em 2020, por força dos preços muito elevados, o valor passou R$ 31 bilhões”, declarou Norberto Ortigara, secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento.

O secretário acrescenta que até o final do ano, em virtude dos preços muito altos em dólar e da desvalorização do real, a soja estará com um preço super elevado. “Projetamos um valor agregado acima de R$ 50 bilhões, que não se imaginava há pouco tempo”, pontuou.

A soja representa mais de um terço de tudo o que é exportado pelo Paraná, não somente os produtos agrícolas. “Essa cultura responde por 36,8% de tudo que é exportado pelo Estado”, declarou Marcelo Garrido, economista do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento.

Partindo de navios desde o Porto de Paranaguá, a soja paranaense chega a mais de 20 países da Ásia e da Europa, além do México, onde vivem 4,1 bilhões de pessoas, mais da metade da população mundial.

Imagem ilustrativa da imagem Soja ocupa 28% do território do Paraná
| Foto: iStock

Produção

O Paraná é o segundo maior produtor de soja no Brasil, atrás do Mato Grosso, e também o segundo maior exportador. Em 2020, mesmo com a pandemia em curso, o Estado bateu recordes de produção, com aproximadamente 21 milhões de toneladas colhidas.

Desse total, 17,3 milhões de toneladas do complexo soja (grãos, farelo e óleo) foram para a exportação, sendo 13,4 milhões de toneladas somente do grão. O valor de exportação superou os US$ 6 bilhões (R$ 33 bilhões na cotação atual), o que representa 17% de toda a soja vendida ao exterior pelo Brasil.

Os dados foram compilados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), com base nas informações da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério da Economia. Segundo o levantamento, a China é maior importador – comprou 12,2 milhões de toneladas (70,6%) do complexo soja no ano passado.

Os outros países compradores foram a Holanda, Coreia do Sul, França, Paquistão, Bangladesh, Índia, Turquia, Alemanha, Tailândia, Polônia, Eslovênia, Espanha, Vietnã, Romênia, Taiwan, Irã, Bélgica, Japão, Reino Unido e México.

O VBP (Valor Bruto da Produção) chegou a R$ 19,94 bilhões em 2019, no último cálculo do Deral, o que representa 20% de todo o VBP da agropecuária do Paraná.

Tecnologia

A participação do Paraná vai além do grande volume de produção e inclui também um importante papel no avanço das tecnologias relacionadas ao grão.

O Estado sedia a Embrapa Soja, uma das 42 unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), referência mundial em pesquisa para a cultura da oleaginosa em regiões tropicais, com localização em Londrina.

“A tecnologia da sojicultura vai além do maquinário e da genética das sementes, que evoluíram muito nos últimos anos, mas está integrada em todo o processo de produção, incluindo o plantio direto, definição da época de semeadura, a cobertura plena, a melhoria do solo e o manejo de pragas e doenças. A pesquisa pública tem grande crédito nesse trabalho”, conclui o secretário estadual da Agricultura.

São conhecimentos que influenciam na colheita e na qualidade do grão. De acordo com o Deral, em uma década, houve um avanço 19% na produtividade no Estado.

Enquanto na safra de 2009/2010 foram colhidos 3.186 kg por hectare, na de 2019/2020 foram 3.794 kg/ha. A área plantada cresceu 25,2% no período, passando de 3,34 milhões de hectares para 5,48 milhões de hectares no ano passado.

***

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.