Cristina Côrtes
De Londrina
A soja pode estar presente em todas as refeições diárias, de acordo com o cardápio de 2.000 calorias, elaborado e apresentado no estande da Embrapa na Ruraltech, durante a 40ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, no Parque Ney Braga, pela nutricionista Marisa Brighenti.
Segundo a nutricionista, é possível incluir a soja na dieta do brasileiro, sem interfeir muito nos hábitos tradicinais. Nos dois cardápios montados, num total de 2000 calorias consumidas diariamente, a soja entra com a participação de 38 gramas, nas seguintes opções: bolo de fubá com soja, almôndega com carne e soja, biscoito com soja, vitamina de banana com leite de soja e molho de soja no macarrão. A inclusão da soja é distribuída entre as refeições convencionais como o café da manhã, almoço, lanche e jantar.
De acordo com a FDA (agência americana que regulamenta o comércio de alimentos e medicamentos), a inclusão diária de 25 a 40 gramas de proteína de soja na dieta alimentar pode prevenir a ocorrência de diversas doenças. ‘‘A soja interfere no metabolismo das gorduras, reduzindo o colesterol total, diminuindo o ‘‘mau’’ colesterol (LDL) e aumentando a quantidade do ‘‘bom’’ (HDL)’’, explica o bioquímico José Renato Bordignon, pesquisador da Embrapa Soja.
ProteçãoO consumo de proteína de soja também pode prevenir alguns tipos de câncer, como o de mama e o de próstata. ‘‘A soja é fonte de um tipo específico de ácido graxo e de isoflavonas, que atuam de maneira protetora na camada interna que recobre as artérias. Por isso, a soja tem efeito benéfico na prevenção de arteriosclerose e da trombose, que são processos de obstrução das artérias’’, acrescenta Bordignon.
Os orientais, grandes consumidores de soja, apresentam os mais baixos índices da doença. Segundo os pesquisadores, a introdução de pequena quantidade (cerca de 20 gramas, que equivalem a 50 gramas de grãos) de proteína de soja na dieta diária, é suficiente para melhorar ou manter a qualidade do sangue.
As fibras de soja ainda exercem importante papel, quando regulam os níveis de glicose no sangue, pois retardam a sua absorção. Essa redução na velocidade de absorção da glicose auxilia no controle de diabetes.
Segundo Bordignon outra ação benéfica do consumo da soja é no controle da oesteoporose e a TPM (tensão pré-mestrual). Os sintomas desses problemas são causados por alterações hormonais que ocorrem na mulher, mais particularmente ao nível de estrógeno sanguíneo. ‘‘As isoflavonas presentes na soja são fitohormônios (hormônios provenientes de plantas), com estrutura bastante semelhante aos hormônios estrogênicos (hormônio feminino)’’, explica Bordignon.
O pesquisador acrescenta que as taxas sanguíneas de estrógeno caem bastante durante o ciclo mestrual, causando a TPM. E no climatério o problema que pode surgir é a osteoporose. ‘‘Como as isoflavonas são estruturalmente semelhantes ao estrógeno, o fitohormônio é capaz de ‘‘enganar’’ as células e evitar o surgimento dos sintomas indesejáveis da TPM e a descalcificação dos ossos’’, comenta.