Sensoreamento Remoto: Decisões Baseadas em Informações

Em qualquer organização, empresa ou negócio a gestão pressupõe que as decisões sejam baseadas em informações. Em uma propriedade rural a situação é idêntica: sem informações adequadas os riscos aumentam e a probabilidade de insucesso cresce. Mas, não basta se dispor de informações tipo “achismo” ou “vou fazer igual ao meu vizinho”.

No caso da Agricultura, a obtenção de informações adequadas torna-se um problema ainda maior do que os enfrentados em outras atividades empresariais pois as áreas são grandes e a influência de fatores externos, como o clima, é muito significativa e esses fatores são de difícil previsão e controle.

Nesse contexto, a coleta de dados e informações, permanentemente atualizadas, sobre a exploração agrícola é imprescindível. A boa notícia é que há uma crescente disponibilidade de ferramentas tecnológicas que podem ajudar os produtores, captando dados e informações de forma remota e as enviando para o interessado, até mesmo se ele estiver longe da propriedade.

Sensores podem ser instalados nas áreas produtivas, a bordo de máquinas e equipamentos ou em drones que sobrevoam a propriedade, coletando dados e informações detalhadas sobre inúmeros aspectos da exploração agrícola. Itens de grande interesse, como umidade do solo, níveis de nutrientes, incidência de doenças e pragas etc podem ser acompanhados com equipamentos cada vez mais precisos e operacionalmente “amigáveis”.

A tendência é de que essas inovações se tornem cada vez mais presentes nas propriedades agrícolas e que tenham suas funcionalidades ainda mais abrangentes. Para isso, as parcerias entre profissionais das áreas de Ciências Agrárias e de Ciência da Computação devem se ampliar, visando o desenvolvimento de equipamentos que incorporem os novos conhecimentos científicos sobre biologia das plantas e pragas e sobre os ecossistemas definidos pelas interações entre plantas, micro-organismos e o solo.

Com base nos dados e informações obtidos por essas ferramentas de sensoriamento remoto, os produtores poderão tomar decisões mais adequadas sobre a condução das lavouras e produções animais, de forma a incrementar a sustentabilidade e a rentabilidade de seus empreendimentos rurais.

Ao se utilizar dessas novas ferramentas de obtenção remota de dados e informações, no entanto, convém não se esquecer da sabedoria tradicional do homem da roça quando lembra que “... é o olhar do dono que engorda o porco...” Assim, por mais que se utilize dessas inovações que permitem a “gestão à distância”, uma visitinha periódica às lavouras e produções animais é sempre necessária...

Paulo Sendin

Engenheiro Agrônomo, membro da Governança AgroValley