Dia desses escutei a seguinte pergunta que gerou esta crônica: “o que te faz lembrar a Bíblia?”. A resposta, que meditei para encontrar, foi que a pessoa de minha mãe me faz lembrar, e muito, a Bíblia. Sim, porque foi ela quem nos apresentou desde que éramos crianças a Bíblia física e suas mensagens espirituais.

A Bíblia que nós, os filhos mais novos, conhecemos, era uma coleção composta de cinco livros muito grandes: Penso hoje, que seriam de cinquenta centímetros de altura por quarenta de largura. Era grande a ponto de não conseguirmos sustentar o peso de cada um dos livros, a não ser que estivéssemos sentados. Eram cinco tomos lindos de uma cor que hoje em dia chamam marsala. E tinham as pontas, aparentes, das folhas em dourado. Também havia muitas figuras. Eram grandes e muito coloridas essas figuras que, volta e meia, ficávamos sentados ou deitados a olhar e nos deleitar com o prazer de buscar cada mínimo detalhe das ilustrações muito bem feitas.

Mamãe lia a Bíblia para nós que, pequenos, numa roda à volta dela, ficávamos ávidos por tais momentos porque eram de iluminação espiritual muito importante e também porque ela tinha habilidades de uma mestra para esclarecer tudo que lia e, também, para aplicar linguagem que se adequasse a nossas idades. Ensinava-nos que a palavra de Deus ilumina as vidas das pessoas para que possam andar no caminho da retidão e da justiça de Deus. Mas não apenas isso, ela mostrava a riqueza da palavra de Deus em nossas vidas através das ações que, no dia a dia, procurava praticar cristãmente. Ou seja, ela não apenas nos apresentava e explicava as leituras, mas também, procurava aplicar as lições bíblicas em sua vida diária.

Então, a palavra de Deus, contida na Bíblia, entrou em nossas vidas através dos ensinamentos e comportamentos cristãos de mamãe. Eram palavras de encorajamento e motivação a sermos melhores como pessoas, para que pudéssemos conviver de modo correto nos círculos sociais em que nos inseríamos e naqueles futuros que ainda conheceríamos. Lições que, a maioria de nós jamais esquece. E as palavras de Deus também foram ensinadas para fortalecer nossos espíritos.

Contudo, ela não se preocupava em difundir a palavra de Deus apenas para nós. Às demais pessoas que tivessem uma necessidade ou problema, ela também oferecia tais palavras que, se não contribuíam para sanar, pelo menos aliviavam ou, até, “davam luz” à uma solução calma, justa e certa de alguma duvida ou de algum problema enfrentado. Falava sempre, com os conhecimentos obtidos através da Bíblia, que era possível viver equilibradamente com as demais pessoas porque a Bíblia oferece regras importantes para a boa, pacifica e cristã convivência entre as pessoas. De modo que nos iniciou nos caminhos cristãos à luz dos ensinamentos bíblicos desde pequenos. De maneira que temos sempre a agradecer por essa iniciação cristã que mamãe nos possibilitou.

Assim é que, a pergunta inicial me faz lembrar aquele tempo em que, mesmo sem saber ler ou escrever, a Bíblia nos foi apresentada e, desde então é que os preceitos bíblicos - sementes cristãs – e a figura da Bíblia, povoam meu pensamento e vida.

Marina Irene Beatriz Polonio é leitora da Folha.