Uma em cada cinco batatas consumidas no Brasil foi colhida em solo paranaense. O Estado é o segundo maior produtor do País, atrás de Minas Gerais, e estima produzir 812,6 mil toneladas até o final da segunda safra, que termina antes do inverno. O Estado responde por 20% da produção nacional.

As maiores regiões produtoras são Guarapuava, Região Metropolitana de Curitiba e os Campos Gerais. Juntos, os três núcleos são responsáveis por 70% da produção estadual.

O produtor Fabricio da Silva Orchel cultiva 240 hectares de batata por ano na sua propriedade em Contenda (PR), na Região Metropolitana de Curitiba, uma tradição familiar com mais de 60 anos. Ao todo, são quatro variedades cultivadas.

Estado do Paraná responde por 20% da produção nacional de batata, somente atrás de Minas Gerais
Estado do Paraná responde por 20% da produção nacional de batata, somente atrás de Minas Gerais | Foto: AEN (Agência Estadual de Notícias)

Em média, ele conseguiu produzir 33 toneladas por hectare no ano passado. A expectativa para este ano é maior: colher acima de 35 toneladas.

Ele explica que várias práticas são necessárias para se obter uma boa produtividade. “A escolha da área, a correção do solo, uma adubação adequada com base em uma análise do solo. Além disso, é importante utilizar uma semente de boa qualidade e fazer um tratamento de sulco que previna algumas doenças e pragas de solo que venham prejudicar o tubérculo e seus brotos”, lista.

Com as boas práticas adotadas na lavoura, Fabricio obteve um percentual de lucratividade que variou de 30% a 50% por hectare no ano passado.

Processo

Há quase 30 anos no ramo, o produtor rural e empresário Osmar Kloster de Oliveira está envolvido em todo o processo de produção da batata.

Conta atualmente com uma área plantada de 250 hectares e é proprietário de uma das oito beneficiadoras de Guarapuava. A batata produzida por Kloster alimenta o mercado interno paranaense e também é comercializada para o Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

“Colhemos a batata de manhã e ela é beneficiada no mesmo dia, para no dia seguinte já estar nas Ceasas e nos atacadistas, que fazem a distribuição para os mercados e feiras. Todo esse processo ganhou muita agilidade nos últimos anos, com bastante tecnologia envolvida em cada etapa de produção”, explica.

Safra

O Paraná cultiva duas safras de batata: a das águas, plantada entre agosto e dezembro, e a safra da seca, que é semeada nos meses de dezembro a maio.

Da primeira, foram colhidas 460,6 mil toneladas, e a expectativa da segunda é colher 352 mil toneladas até o final de maio e início de junho, basicamente da variedade ágata, que domina a produção. Foi plantada, para toda a safra 2020/2021 do Paraná, uma área de 28,2 mil hectares.

O Valor Bruto de Produção (VBP) do tubérculo era de R$ 1,24 bilhão em 2019, de acordo com o último cálculo do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. A regional de Guarapuava respondia por 30% de todo o VBP da cultura no Estado, com um valor de quase R$ 383 milhões.

Cooperativa

A batata foi introduzida em Guarapuava nos anos 1960, por meio de aproximadamente 120 agricultores, muitos deles incentivados pela Cooperativa Agrícola de Cotia, pioneira no cooperativismo no Brasil, que durou até 1994. Mesmo com um número menor de produtores – hoje são cerca de 60 –, a produtividade se manteve boa ao longo dos anos.

“O clima favorável de Guarapuava é determinante para o sucesso da cultura. Desde que foi introduzida aqui, a produtividade sempre foi forte em relação a outras regiões. A cooperativa ajudou muito para impulsionar a atividade e investiu em assistência técnica, financiamento e na comercialização. A grande maioria dos produtores planta uma área expressiva, de porte médio para grande, onde muita tecnologia é empregada”, explica o agrônomo Arthur Bittencourt Filho, chefe do escritório regional da Secretaria da Agricultura em Guarapuava.

Tecnologia

Diferente dos cultivos de antigamente, os produtores agora têm em mão uma gama de estudos de melhoramento genético, preparação de solo, irrigação e um maquinário de ponta que agilizou e tornou mais forte a produtividade, com uma colheita média de 800 sacos, ou 4 mil kg, de batata por hectare plantado.

Um exemplo é na produção de sementes, que exige um processo especializado e muito conhecimento genético.

A preparação de solo é outra preocupação. O cultivo da batata é rotacionado: após a colheita, ela só pode ser plantada naquela área três anos depois, para que não haja a disseminação de doenças que podem comprometer a produtividade. Enquanto isso, os produtores procuram outros locais para arrendar e aquele terreno dá lugar a outras culturas, como soja, cevada, trigo e milho.

“Ela acaba ajudando muito a melhorar o solo. Como na cultura de cereais é usado principalmente o plantio direto, a rotação com a batata ajuda a revirar a terra, além de deixar resíduos de adubo e correção de solo para as próximas culturas. Quando arrendamos, devolvemos um terreno melhor”, destaca o produtor Osmar Kloster.

No plantio, a irrigação é essencial, e os tubérculos são cultivados geralmente próximo a rios, para facilitar o acesso à água. Já o processo para que o alimento chegue à mesa é mais técnico. Envolve mangueiras para a lavagem e muitas esteiras, engrenagens e pessoas que selecionam a melhor batata para ser comercializada.