Cultivo do abacaxi: em uma pequena  área, o produtor pode conseguir uma boa receita, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural Paraná, que quer incentivar o plantio da fruta
Cultivo do abacaxi: em uma pequena área, o produtor pode conseguir uma boa receita, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural Paraná, que quer incentivar o plantio da fruta | Foto: iStock

A produção de abacaxi pode ser uma opção lucrativa para agricultores do Paraná, já que mais de 90% da fruta comercializada nas unidades do Ceasa-PR ainda é proveniente de outros Estados e mais da metade do abacaxi consumido em terras paranaenses vem de fora.

Esse potencial de crescimento da cultura é ressaltado pelo engenheiro agrônomo do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná, Ricardo Domingues. “Em uma pequena área, o produtor pode conseguir uma boa receita.”

Visando o amplio da área destinada ao plantio de abacaxi no estado, o IDR Paraná promoverá a partir do próximo dia 10 um workshop online gratuito para discutir o mercado e aspectos da produção do abacaxi.

Segundo levantamentos feitos pelos extensionistas do IDR Paraná, a receita média de um hectare de abacaxi é de R$ 40 mil, contra um custo de R$ 23,5 mil.

Domingues pontua que o abacaxi é uma cultura viável, desde que o produtor siga orientações de técnicos e fique atento às pesquisas desenvolvidas para alcançar uma produção robusta e de qualidade.

A receita média de um hectare de abacaxi é de R$ 40 mil, contra um custo de R$ 23,5 mil
A receita média de um hectare de abacaxi é de R$ 40 mil, contra um custo de R$ 23,5 mil | Foto: Divulgação/IDR

Além da rentabilidade, o engenheiro agrônomo destaca que a cultura do abacaxi tem um caráter social, já que os processos desenvolvidos no cultivo são quase todos manuais e, por isso, demandam bastante mão de obra. “São gerados empregos quase o ano todo.”

Entre as desvantagens, Domingues aponta que a cultura carece de mais organização por parte dos produtores e da oferta de mais insumos para o desenvolvimento das plantas. Há também as pragas, como a fusariose, doença fúngica, e a cochonilha, que ataca os pés de abacaxi.

Os plantios no Estado vêm apresentando produtividade entre 30 e 40 toneladas por hectare. As variedades Pérola, Jupi e Smooth Cayenne são as mais plantadas. Santa Isabel do Ivaí e Santa Mônica são os municípios onde o cultivo da fruta está mais desenvolvido.

"O abacaxi adapta-se bem a solos arenosos e argilosos, desde que não sejam compactados e tenham boa fertilidade", acrescenta Sílvio Ferrari, engenheiro agrônomo do IDR Paraná.

Na última safra, a área destinada para o abacaxi ficou em 585 hectares no Paraná, sendo 72% dessa área concentrada na região Noroeste do Estado.

Serviço

Quanto ao workshop online gratuito sobre o tema. Ao todo, serão três módulos transmitidos pelo canal do IDR Paraná no Youtube nos dias 10, 17 e 24 de setembro, a partir das 9h. Para participar, é simples: basta entrar no canal do IDR-Paraná. Mais informações para cada região: emater.pr.gov.br – aba Endereços e Telefones.

Expansão

O produtor Alcimar de Oliveira começou a plantar abacaxi há cinco anos em Atalaia (PR). A atividade vai tão bem que, em dois anos, ele pretende quintuplicar a produção, de 100 mil para 500 mil pés.

“É um produto que nos dá muito boa lucratividade. Para o pequeno produtor, não tem igual”, destacou. Hoje, Alcimar afirma obter 75% de lucro na comercialização da fruta.

Para fazer a diferença no mercado, no entanto, Alcimar buscou ajuda. Há dois anos, contratou um serviço de consultoria que o auxilia a adotar as melhores práticas na lavoura. Entre os inúmeros benefícios, conseguiu eliminar a cochonilha.

As práticas começam já no preparo da terra, com a colocação de calcário para corrigir a acidez do terreno. “Com essa correção, a adubação vai realmente para a planta”, explica.

A adubação é feita quinzenalmente e um inseticida adequado é aplicado por três vezes até a secagem das flores. Com o plantio intercalado, Alcimar consegue colher abacaxi por nove meses do ano. E uma fruta robusta, de qualidade. “Cada fruto pesa 2 quilos, é bem grande”, conclui.

Qualidade

O agrônomo João Henrique Domingues produz abacaxi há oito anos em Santa Isabel do Ivaí : “Produtor bom consegue produto bom, agrega valor e chega a bons preços”
O agrônomo João Henrique Domingues produz abacaxi há oito anos em Santa Isabel do Ivaí : “Produtor bom consegue produto bom, agrega valor e chega a bons preços” | Foto: Arquivo pessoal

O agrônomo João Henrique Domingues produz abacaxi há oito anos em Santa Isabel do Ivaí (PR). Segundo ele, a lucratividade obtida com a produção é um reflexo da qualidade. “Produtor bom consegue produto bom, agrega valor e chega a bons preços”, destaca.

Uma das práticas para manter a boa qualidade da fruta é não fazer a indução artificial quando o fruto está verde. “Caso isso seja feito, o fruto fica com aspecto de maduro, mas o gosto não fica doce”, explica. A indução é feita na fase inicial, para que saia a flor e, posteriormente, o fruto.

Na propriedade de pouco mais de sete hectares onde faz o plantio, João tem obtido uma lucratividade de aproximadamente R$ 20 mil por hectare.

A produção alcança diversos destinos, como redes de supermercados em diversas regiões do Paraná e fábricas de polpas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Além disso, 30% do total da produção é exportado para a Argentina.

Para alcançar bons resultados, uma das estratégias adotadas pelo produtor é escalonar a produção para não colher tudo de uma vez só.

Há dois anos, toda a produção é rastreada. Os abacaxis são divididos por lotes, sendo possível saber para onde foi escoada toda a produção. Com isso, é possível detectar problemas e aumentar o controle de qualidade dos frutos.

“Hoje, além da sazonalidade, a maior dificuldade nossa é na comercialização, já que ainda temos inadimplência”, conclui.