Ranicultura reaparece no Oeste
PUBLICAÇÃO
sábado, 10 de fevereiro de 2001
Emerson Dias Enviado a São Miguel do Iguaçu
A criação de rãs volta a ser cotada como boa alternativa para pequenos produtores rurais, depois de esquecida nos últimos anos. Em São Miguel do Iguaçu, 43 quilômetros de Foz do Iguaçu, um frigorífico foi montado para abater, industrializar e comercializar a produção de ranicultores da região oeste do Estado.
Para o gerente da Friguaçu, Claudio Estevan Garavano, a procura explosiva ocorrida principalmente no início dos anos 90 foi provocada pela falsa idéia de ganho fácil e rápido. Muitos pensaram na produção, mas esqueceram de conquistar mercado. Nós queremos trabalhar em cima da redução dos custos para conseguir um bom preço ao consumidor, explicou Garavano, engenheiro argentino de Mar del Plata que mora no Brasil há 18 anos.
Novo cardápioAlém de comprar rãs, a intenção dos diretores do frigorífico é assessorar tecnicamente os interessados em iniciar as atividades no setor e também os seis produtores existentes na região. Já estamos propondo um novo cardápio para as rãs, reduzindo o percentual de ração e substituindo-o por alevinos (filhotes de peixe). Também projetamos o ranário gratuitamente de acordo com o valor que o investidor pretende gastar.
Os custos de um criadouro são bastante variáveis, podendo oscilar de US$ 2 mil a US$ 50 mil. Prefiro não falar em valores, porque existem projetos na Europa que custam até US$ 200 mil, comentou o gerente, destacando que a única exigência imprescindível para a manutenção de um bom criadouro é água em abundância, conseguida de uma fonte natural.
O valor pago aos produtores é outro ponto polêmico entre os ranicultores que já atuam no mercado. Mesmo com o quilo limpo chegando ao consumidor final por até R$ 20,00, o quilo do animal vivo não ultrapassa os R$ 4,00. Garavano explicou que, no caso do Friguaçu, o preço pago ao produtor será de R$ 3,50 porque a empresa quer revender a carne até o valor máximo de R$ 15,00.
A expectativa é conseguir no futuro um bom preço no mercado externo, onde o quilo de rã chega a US$ 10,00. Primeiro precisamos inserir o hábito de comer rã entre os brasileiros e convencê-los que a carne tem este preço porque é mais saudável. Os europeus já perceberam isso.