A maior produtividade no campo e a redução nos preços do milho e da soja está refletindo diretamente na queda do custo de produção de algumas proteínas animais, como suínos e frangos, no Paraná.

Estudo realizado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento), aponta que o custo médio de produção de um quilo de suíno vivo em 2022 foi de R$ 7,44 no Paraná.

Nos primeiros quatro meses deste ano, o valor caiu para R$ 6,71, o que representa redução de quase 10% em comparação ao ano passado.

A Embrapa Suínos e Aves, por sua vez, verificou uma queda de 6% no custo de produção do frango no Paraná em abril deste ano, comparativamente com o mês anterior. De um valor médio de R$ 5,30, o quilo caiu para R$ 4,98.

Ari Jarbas Sandi, analista de transferência de tecnologia e socioeconomia da Embrapa Suínos e Aves, explica que a queda dos custos de produção de suínos e frangos está relacionada com dois fatores.

O custo da produção do frango caiu 6% no Paraná em abril de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior
O custo da produção do frango caiu 6% no Paraná em abril de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior | Foto: iStock

“Houve melhoria nos índices de produtividade e redução nos preços de milho e farelos de soja praticados no mercado interno nos quatro primeiros meses de 2023”, analisou.

A redução nos preços dos grãos, por sua vez, pode ser explicada por fatores como o recuo tímido na taxa de câmbio e a oferta interna de grãos maior do que a demanda.

PARTICIPAÇÃO

O analista explica que a quantidade de soja e milho na composição das rações está associada tanto à disponibilidade quanto aos preços dos insumos, de modo que o balanço nutricional é muito variável.

“Mas de um modo geral, o milho participa com 65% da formulação da ração, enquanto o farelo de soja participa com 25%. Essa formulação se aplica à suinocultura.”

Sobre as rações para a avicultura de corte, 61% da composição é milho e 32% farelo de soja.

VIGILÂNCIA E GESTAO

Sobre a melhoria da lucratividade em virtude da queda no custo de produção, o analista explica que depende do modelo de organização da produção e do tipo de contrato produtivo-comercial que cada produtor tem com a cadeia produtiva e mercado em que atua.

“Na suinocultura, apesar de a integração vertical predominar na região Sul do País, com mais de 1,2 milhões de matrizes alojadas, em SP, MG e MT predomina o sistema de produção independente, sendo que os riscos de mercado diferem do sistema de integração. Assim, a lucratividade também é afetada de diferentes modos.”

Frente à queda nos custos de produção, o técnico destaca ser essencial o gerenciamento de insumos e dos fatores de produção.

“Pouco resolve os custos recuarem se o preço recebido pela comercialização do produto recua na mesma proporção. Portanto, a palavra de ordem sempre será vigilância e gestão”, conclui.

INVESTIMENTOS

Criadora de suínos em Toledo, na região oeste do Paraná, Monica Gibbert não contabiliza mês a mês os custos de produção nem a lucratividade com o plantel, mas destaca que se trata de uma atividade lucrativa. A granja abriga hoje 3 mil animais, em sistema de integração junto à cooperativa Lar.

Monica Gibbert investe constantemente na melhoria da criação de suínos
Monica Gibbert investe constantemente na melhoria da criação de suínos | Foto: Arquivo pessoal

“Não temos muito lucro porque sempre estamos fazendo muitos investimentos. O mais recente foi a aquisição de um robô que trata da alimentação dos animais, estamos pagando as parcelas. Todos os anos estamos investindo na granja”, relembra.

Além da aquisição do robô, Gibbert cita o investimento na manutenção da granja, como das cortinas, e o pagamento do financiamento dos barracões. “Nosso lucro vem a partir da visão que estamos formando um capital. Assim que pagarmos o financiamento, teremos um lucro muito bom”, destaca.

Além do investimento constante, Gibbert cita seguir à risca o que a integradora exige. “Como exemplos, evitamos desperdício da alimentação e cuidamos muito da qualidade do ambiente”, conclui.