Projeto sobre morcegos
Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina está fazendo um trabalho inédito com morcegos do Parque Nacional do Iguaçu. Eles estudam as mudanças de comportamento que vêm ocorrendo com esses mamíferos.
Os resultados dessa pesquisa podem ajudar o produtor rural a compreender melhor os hábitos dos morcegos e o motivo que leva alguns desses animais a atacar não somente os rebanhos, mas também plantações de árvores frutíferas. ‘‘Muitos agricultores se preocupam com os morcegos hematófagos (que sugam o sangue) porque temem a transmissão de doenças como a raiva, mas esquecem daqueles que comem as frutas. Se houver um grande desequilíbrio em uma determinada região, pode haver uma perda significativa na produção dos pomares’’, alerta Vlamir Rocha, um dos pesquisadores do projeto Morcegos do Iguaçu. Mas Rocha avisa que por enquanto tudo anda bem nas regiões oeste e norte do Estado, onde o projeto teve início. Apenas quatro casos de ataques a animais foram registrados nessas áreas no ano passado.
Rocha e os pesquisadores Margareth Sekiama e Isaac Passos de Lima já identificaram no Parque Nacional 21 das 140 espécies existentes em todo o país. A partir desses números foi possível chegar a uma conclusão preocupante: a diversidade dos animais está baixa. ‘‘Somente na região de Londrina, encontramos 39 espécies diferentes. Foram 18 a mais em uma área bem menor’’, explica Lima.
Outro resultado parcial da pesquisa que comprova a pouca variedade das espécies, está na quantidade de morcegos avaliada pelo projeto. Dos 1000 capturados, cerca de 40% eram compostas somente da espécie Artibeus Lituratus. Outros 300 também pertenciam a uma única espécie Sturnira Liliun. Ambas se alimentam de frutas, principalmente manga, goiaba, caqui e uva.
Para os pesquisadores, esses resultados ainda não chegam a afetar a produção de pomares. ‘‘O que preocupa a gente é baixa quantidade dos insetívoros. Um morcego desses chega a comer 650 insetos em uma hora. É um inseticida vivo’’, comentou Rocha. Ele lembra que em cidades como Céu Azul -cerca de 100 quilômetros de Foz do Iguaçu- onde as casas são construídas próximas ao parque, a falta desses morcegos pode gerar uma superpopulação de pernilongos e mosquitos transmissores de doenças.(E.D)