Em 12 anos, o programa AAJ (Aprendizagem de Adolescentes e Jovens) já formou mais de 1,5 mil jovens de 14 a 24 anos para atuarem no agro paranaense. A iniciativa é do Sistema Faep/Senar-PR, em parceria com as empresas do setor. Entre o total dos participantes, mais da metade – 760 aprendizes – foram efetivados pelas companhias.

A mecânica para participação do programa é simples. A empresa entra em contato com a unidade do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) do Paraná mais próxima. Além da sede localizada em Curitiba, há mais 10 regionais espalhadas em todo o Estado, inclusive em Londrina. Outra opção, caso não haja Senar no município, é fazer contato com o Sindicato Rural patronal.

As opções de cursos ofertadas são Mecânica de Tratores; Mecanização Agrícola de Grãos; Classificação de Grãos e Avicultura de Postura e Corte.

Os dois primeiros cursos têm 1.200 horas de duração, sendo metade com aulas teóricas e a outra metade com aulas práticas, todas ministradas na empresa. Os cursos de Classificação de Grãos e de Avicultura de Postura e Corte têm, respectivamente 960 e 800 horas, com a mesma divisão de aulas teóricas e práticas (meio a meio).

O programa é dividido em três fases. A primeira é o Núcleo Básico, no qual os participantes desenvolvem competências comportamentais (gestão de pessoas, comunicação, liderança e cidadania).

Na sequência, no Núcleo Específico, os aprendizes abordam os conteúdos voltados à atividade profissional que irão desenvolver. A terceira fase é a prática profissional. Ao todo, o Senar dispõe hoje de 15 instrutores habilitados para ministrar os cursos.

MONITORES

Para que o programa seja operacionalizado, cada empresa parceira deve designar um monitor, com o intuito de auxiliar o Senar no desenvolvimento profissional dos aprendizes. Além disso, são eleitos padrinhos (funcionários de diversos setores) para darem apoio ao monitor.

“Trabalhamos com metodologias ativas, em que o jovem é o protagonista. O programa foca o desenvolvimento pessoal e profissional, incluindo temas como cidadania e ação ambiental. Conhecimentos, habilidades e atitudes que compõem o desenvolvimento integral do jovem, algo que vai além da ocupação”, explica Regiane Hornung, técnica do Departamento Técnico do Senar-PR e coordenadora do programa.

USINA

A Usina Santa Terezinha participa do programa há mais de dez anos, visualizando uma importante oportunidade de contribuir com a empregabilidade dos jovens nos municípios onde estão as unidades da companhia. Trata-se da maior parceira do Senar na realização do AAJ.

“O programa é de extrema importância, pois os nossos jovens de hoje serão os profissionais do futuro. Aqueles que participam estão à frente de muitos na mesma idade”, destaca Luciana Scalon, gerente de recursos humanos da usina.

Os aprendizes fazem o curso de mecânica e manutenção de tratores. Um diferencial no ano passado foram as aulas de solda, drone e sustentabilidade, acompanhando as novas tecnologias exigidas pelo mercado.

Em mais de dez anos, o programa já atendeu mais de 1,5 mil jovens. As turmas acontecem anualmente em sete unidades produtivas da Usina Santa Terezinha, nos municípios de Iguatemi, Terra Rica, Paranacity, Cidade Gaúcha, Rondon, Ivaté e Tapejara. Mais da metade deles foram contratados.

As aulas acontecem dentro das unidades da empresa e são ministradas por instrutores do Senar. A usina oferece todos os recursos necessários para as aulas. A prática profissional acontece dentro das oficinas automotivas da empresa, onde o jovem vivencia a prática de manutenção de tratores, acompanhado por padrinhos que são funcionários da Usina Santa Terezinha.

“As turmas são acompanhadas por um monitor, que é um profissional da área de recursos humanos da empresa, interagindo continuamente com os jovens, instrutores e Senar, visando um acolhimento e desenvolvimento diferenciado”, conclui a gerente.

PARCERIA

Em Londrina e região, um dos participantes do programa é o Genesis Group, plataforma de soluções para a cadeia agroalimentar que aderiu ao AAJ em julho de 2019. Até agora, a parceria já formou 30 jovens aprendizes que participaram dos cursos sobre classificação de grãos.

Desse total, o grupo conseguiu efetivar cinco participantes para atuar no próprio negócio, mas a extensão dos benefícios foi muito mais além.

“Outros foram contratados por empresas correlacionadas e também houve os participantes que abriram seus próprios negócios”, destaca Hillary Ferro da Silva, supervisora de Gente e Gestão do Genesis Group.

Ela acrescenta que o sentimento após o curso é que os aprendizes passam a ver o agronegócio com mais carinho.

“Eles aprendem e identificam na prática a importância de cada etapa para que o alimento chegue em nossa mesa com segurança e qualidade, principal objetivo do Genesis Group”, diz.

O Genesis oferece toda estrutura prática e administrativa para o curso sobre classificação de grãos. O Senar e o CTA (Centro de Treinamento Agropecuário) de Ibiporã oferecem a estrutura teórica, de materiais e laboratórios para o programa.

Os ótimos resultados permitem a continuidade da parceria.