João Nazima tem optado pelo crédito por permuta da produção:  "O ponto positivo é a tranquilidade. O negativo é que não consigo negociar tanto"
João Nazima tem optado pelo crédito por permuta da produção: "O ponto positivo é a tranquilidade. O negativo é que não consigo negociar tanto" | Foto: Marcos Zanutto



Em meio à onda de juros pouco atrativos e a maior rigidez dos bancos públicos e privados antes de liberar recursos, produtores rurais inseridos em cooperativas agrícolas utilizam da relação de permuta por produção para conseguir crédito de custeio. A estratégia tem pontos positivos e negativos, mas segundo eles traz mais comodidade.

No distrito de Guaravera, zona sul de Londrina, João Nazima trabalha numa área de 250 hectares de produção de grãos. Ele ressalta que trabalhou com financiamentos via instituições bancárias por cerca de dez anos, mas o formato de cobrança – associado à pressão para quitar as parcelas – fez com que ele integrasse suas necessidades de insumos e sementes à troca por produção. "Quando ia chegando o vencimento do boleto, ficava muito estressado, na dúvida se conseguiria arcar com os compromissos com os bancos".

No sistema de permuta, Nazima relata que trava um valor de custo de produção e fica mais tranquilo para tocar sua lavoura. "O ponto positivo é a tranquilidade. O negativo é que não consigo negociar tanto, já que com o dinheiro do financiamento na mão posso encontrar valores melhores de insumos. Para a próxima safra verão, fechei os custos de produção da soja em 70 sacas por alqueire. Preciso colher pelo menos 120 sacas por alqueire para valer a pena".



No caso de captação de recursos para investimento em maquinário, ele comenta que o último que fez via banco foi em 2010. Em 2013, na compra de uma colheitadeira, tinha 50% do valor oriundo de recursos próprios e o restante fez via financiamento com a própria empresa. "Hoje estou evitando qualquer tipo de recurso bancário devido à alta dos juros".

Mesmo caso do produtor Samuel Faustino Romero, de Jataizinho. Há anos ele deixou o financiamento bancário e o Plano Safra para focar na compra de adubos e defensivos pela cooperativa. Para a safra verão, ele travou em 55 sacas por alqueire, sem contar a semente. "A modalidade de troca tornou-se uma estratégia para fugir dos juros. Hoje, para pensar o financiamento via instituição bancária, olho bem como está o mercado de commodities. A última vez que captei recursos para a compra de maquinário foi em 2013, a juros de 3,5% ao ano. Hoje, o cenário financeiro e econômico do País nos preocupa bastante", complementa ele, que espera colher 160 sacas de soja por alqueire na safra 2016/17. (V.L.)

Imagem ilustrativa da imagem Produtores optam por permuta da produção