A relação entre uma possível recessão econômica global e o novo coronavírus continua preocupando governos de todo o mundo. A Organização Mundial do Comércio (OMC) publicou um estudo recente que prevê que o comércio global deve despencar entre 12,9%, no cenário mais positivo, e 31,9%, na perspectiva mais negativa, este ano. Apesar do cenário pouco animador, o agronegócio continua sendo um dos pilares que ajudam a economia brasileira a respirar, principalmente devido às commodities exportadas em grande volume - já que o real sofre desvalorização frente ao dólar puxando as vendas no mercado externo.

Neste contexto, produtores rurais e empresas públicas e privadas do setor no País se adaptam para continuar em ritmo acelerado. Se adequam ao novo contexto provocado pela COVID-19 e usam tecnologias diversas para que a roda do agro continue girando, tanto dentro como fora da porteira. O professor de agronomia da Unopar Bandeirantes, Erich Reis Duarte, atua tanto na academia como no campo junto aos produtores. Ele comenta que “a tecnologia tem sido fundamental para manter o planejamento estratégico entre empresas e os agricultores neste momento”. Confira algumas ações que estão sendo muito bem recebidas pelos produtores no Norte do Paraná.

O professor Erich Duarte: "A tecnologia tem sido fundamental para manter o planejamento estratégico entre empresas e os agricultores neste momento”
O professor Erich Duarte: "A tecnologia tem sido fundamental para manter o planejamento estratégico entre empresas e os agricultores neste momento” | Foto: Divulgação

Dias de campo virtuais

Os tradicionais eventos, em que o produtor tinha contato com as cultivares in loco foram transportados para a tela do computador, tablet ou celular. “Uma vez que a cultura do milho já estava bem instalada por empresas aqui da nossa região, houve a decisão de gravar as fases da cultura sem a presença dos produtores e depois passar essa mensagem de forma virtual. Eles puderam conferir os materiais do cereal e assim fazer a tomada de decisão de acordo com as particularidades da lavoura, apenas olhando os resultados das cultivares sendo apresentados pelos agrônomos in loco, por meio da tela”, explica o professor da Unopar Bandeirantes, Erich Duarte.

Avaliação da lavoura à distância

Como a relação dos extensionistas e técnicos agrícolas está mais distante neste momento de pandemia, o produtor rural mais tecnificado utiliza ferramentas de imagem via satélite ou até de celular para acompanhar, por exemplo, como está o índice vegetativo da lavoura. “São programas via satélite que podem fornecer imagens a cada cinco dias. Caso o produtor de fato necessite da presença do engenheiro agrônomo na propriedade para um diagnóstico, as empresas estão enviando os profissionais – inclusive para a aplicação de defensivos – mantendo o distanciamento social, além da máscara o álcool gel e todos outros cuidados necessários”.

Planejamento estratégico na tela

Pelo lado das empresas do agro, o fluxo de informações entre os profissionais e as ações diretas com os produtores não podem parar. Por isso, muitas companhias apostam nas reuniões à distância apresentando resultados e estratégias que podem ser trabalhadas junto aos clientes do campo. “As reuniões de gestão, por exemplo, acontecem por meio de plataformas digitais e preveem o compartilhamento de telas e ações para atingirem os consultores que estão em contato direto com o produtor. É interessante porque em alguns casos essas reuniões virtuais têm registrado até maior aderência do que à moda antiga, já que a grande maioria dos colaboradores está em home office”, complementa Duarte.

Lives com os produtores

Em regiões em que o agronegócio é pujante, é comum que empresas do setor e cooperativas realizem eventos para atrair a atenção dos clientes, cooperados e de outros agricultores. “Em tempos de pandemia, uma estratégia são as lives técnicas para tratar de culturas específicas das lavouras e também do mercado agrícola, em constante movimento. Aos poucos, os agricultores começam a aderir a esta nova realidade”.