Produtores de Tomazina venceram concurso Café Qualidade Paraná
Disputa realizada no ano passado contou com quase 120 lotes vindos de todas as regiões produtoras do estado
PUBLICAÇÃO
sábado, 18 de janeiro de 2025
Disputa realizada no ano passado contou com quase 120 lotes vindos de todas as regiões produtoras do estado
Lucas Catanho - Especial para a FOLHA

O ano de 2024 terminou muito bem para dois cafeicultores de Tomazina, no Norte Pioneiro, que venceram o concurso Café Qualidade Paraná. Ao todo, participaram da disputa 119 lotes de todas as regiões produtoras do Estado, sendo 90 na categoria natural e 29 pelo método cereja descascado.
Vencedora na categoria natural, Maristela Fátima da Silva Souza pontua que o trabalho com o café mudou a sua vida, transformando-a de dona de casa em uma mulher empreendedora. “Hoje já sou uma mulher conhecida mundialmente por produzir um dos melhores cafés especiais do Paraná”, celebra.
Maristela Souza é da quarta geração de produtores de cafés, uma história que começou pelos bisavós. Ela começou a cultivar o grão há quase 25 anos, sendo a cultura a maior fonte de renda da família, com seis hectares plantados atualmente.

“Vendo para exportação e o meu café é distribuído por toda a Europa. Abastece cafeterias em Curitiba e vendo torrado com a nossa marca da propriedade Café Sítio São Luiz, tanto em grão como moído para o consumidor final”, destaca.
Esta foi ao menos a quinta premiação em que Maristela conquistou o primeiro lugar pela qualidade do café produzido.
“Temos muito cuidado na seleção de grãos maduros, com uma colheita seletiva. Na pós-colheita fazemos uma secagem bem feita e preparamos os grãos respeitando o regulamento do concurso”, pontua.
O fato de ganhar concursos é uma vitrine para o seu produto, destaca Maristela. “Aumenta a visibilidade e com isso a procura é grande, facilitando muito nas vendas. Tanto no café verde como no torrado, a procura é grande e falta café para atender a demanda de cafeterias e de torrefação que me procuram”, conclui.
DESCASCADO
Claudeir Marcos de Souza foi o vencedor na categoria descascado. Em 2022, nesse mesmo concurso, o cafeicultor já havia ficado em 3º lugar pela mesma categoria. Em 2019, conquistou a 2ª colocação na categoria natural, na mesma disputa.

“É um trabalho de persistência de toda a minha família. Mesmo quando estou cansado ou desanimado para descascar os cafés, minha esposa e meus dois filhos me animam”, pontua. A esposa de Claudeir, Eloir Nogueira de Souza, já foi vencedora desse mesmo concurso em 2015 e em 2022.
Desde 2013, quando ingressou no ramo de cafés especiais, Claudeir Souza vem se especializando, recebendo assistência técnica e fazendo cursos. Em 2017, começou a cultivar variedades de cafés diferentes, como o IPR 107 e o Arara.
“Fazemos todos o processo. Cuidamos do solo, com plantio de braquiária e outras leguminosas. O cuidado maior é depois do café colhido, sendo que descascamos e temos o cuidado especial na secagem realizada na estufa e nos terreiros”, detalha.
O agricultor trabalha desde os 10 anos de idade na lavoura, sendo que o pai o ensinou a trabalhar. Começou muito cedo a plantar o próprio café, em 1997. “Eu tinha 15 anos de idade, e meu pai cedeu uma área onde eu plantei dois mil pés de cafés para ter uma renda para mim”, relembra.
Hoje, quase 30 anos depois, Claudeir celebra o primeiro topo na premiação de um concurso. Em 2015, o café produzido pelo agricultor já havia ficado entre os 30 melhores do Brasil na 16ª edição do Cup of Excellence, principal concurso de qualidade para café no mundo.
A premiação, segundo Claudeir, é um estímulo para o comércio dos cafés especiais. Hoje, os cafés especiais produzidos por Claudeir são vendidos a algumas cafeterias, em especial a Moka Clube, com unidades em Curitiba e em São Paulo. O produto vai também para o exterior, por meio da exportadora Capricórnio Coffees.
Em 2024, a produção de cafés especiais representou um quinto do total das 200 sacas produzidas – foram 40 sacas ao todo.
“Produzir um bom café uma vez pode ser sorte. Mas ter uma continuidade ano após ano, mesmo com as intempéries, é resultado de muita resiliência e de paixão. Sou um apaixonado pelo café”, conclui.
PREMIAÇÃO
Os dois campeões receberam R$ 8 mil por saca de 60 quilos como oferta de compra de seus lotes.
O concurso Café Qualidade Paraná é uma promoção da Câmara Setorial do Café do Estado do Paraná, Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná), IDR-Paraná, Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina e Associação dos Funcionários do Iapar.

