O ano de 2024 terminou muito bem para dois cafeicultores de Tomazina, no Norte Pioneiro, que venceram o concurso Café Qualidade Paraná. Ao todo, participaram da disputa 119 lotes de todas as regiões produtoras do Estado, sendo 90 na categoria natural e 29 pelo método cereja descascado.

Vencedora na categoria natural, Maristela Fátima da Silva Souza pontua que o trabalho com o café mudou a sua vida, transformando-a de dona de casa em uma mulher empreendedora. “Hoje já sou uma mulher conhecida mundialmente por produzir um dos melhores cafés especiais do Paraná”, celebra.

Maristela Souza é da quarta geração de produtores de cafés, uma história que começou pelos bisavós. Ela começou a cultivar o grão há quase 25 anos, sendo a cultura a maior fonte de renda da família, com seis hectares plantados atualmente.

Maristela da Silva Souza: “Hoje já sou uma mulher conhecida mundialmente por produzir um dos melhores cafés especiais do Paraná”
Maristela da Silva Souza: “Hoje já sou uma mulher conhecida mundialmente por produzir um dos melhores cafés especiais do Paraná” | Foto: Arquivo Pessoal

“Vendo para exportação e o meu café é distribuído por toda a Europa. Abastece cafeterias em Curitiba e vendo torrado com a nossa marca da propriedade Café Sítio São Luiz, tanto em grão como moído para o consumidor final”, destaca.

Esta foi ao menos a quinta premiação em que Maristela conquistou o primeiro lugar pela qualidade do café produzido.

“Temos muito cuidado na seleção de grãos maduros, com uma colheita seletiva. Na pós-colheita fazemos uma secagem bem feita e preparamos os grãos respeitando o regulamento do concurso”, pontua.

O fato de ganhar concursos é uma vitrine para o seu produto, destaca Maristela. “Aumenta a visibilidade e com isso a procura é grande, facilitando muito nas vendas. Tanto no café verde como no torrado, a procura é grande e falta café para atender a demanda de cafeterias e de torrefação que me procuram”, conclui.

DESCASCADO

Claudeir Marcos de Souza foi o vencedor na categoria descascado. Em 2022, nesse mesmo concurso, o cafeicultor já havia ficado em 3º lugar pela mesma categoria. Em 2019, conquistou a 2ª colocação na categoria natural, na mesma disputa.

Claudeir e Eloir de Souza: casal vem se especializando em cafés especiais desde 2013
Claudeir e Eloir de Souza: casal vem se especializando em cafés especiais desde 2013 | Foto: Arquivo pessoal

“É um trabalho de persistência de toda a minha família. Mesmo quando estou cansado ou desanimado para descascar os cafés, minha esposa e meus dois filhos me animam”, pontua. A esposa de Claudeir, Eloir Nogueira de Souza, já foi vencedora desse mesmo concurso em 2015 e em 2022.

Desde 2013, quando ingressou no ramo de cafés especiais, Claudeir Souza vem se especializando, recebendo assistência técnica e fazendo cursos. Em 2017, começou a cultivar variedades de cafés diferentes, como o IPR 107 e o Arara.

“Fazemos todos o processo. Cuidamos do solo, com plantio de braquiária e outras leguminosas. O cuidado maior é depois do café colhido, sendo que descascamos e temos o cuidado especial na secagem realizada na estufa e nos terreiros”, detalha.

O agricultor trabalha desde os 10 anos de idade na lavoura, sendo que o pai o ensinou a trabalhar. Começou muito cedo a plantar o próprio café, em 1997. “Eu tinha 15 anos de idade, e meu pai cedeu uma área onde eu plantei dois mil pés de cafés para ter uma renda para mim”, relembra.

Hoje, quase 30 anos depois, Claudeir celebra o primeiro topo na premiação de um concurso. Em 2015, o café produzido pelo agricultor já havia ficado entre os 30 melhores do Brasil na 16ª edição do Cup of Excellence, principal concurso de qualidade para café no mundo.

A premiação, segundo Claudeir, é um estímulo para o comércio dos cafés especiais. Hoje, os cafés especiais produzidos por Claudeir são vendidos a algumas cafeterias, em especial a Moka Clube, com unidades em Curitiba e em São Paulo. O produto vai também para o exterior, por meio da exportadora Capricórnio Coffees.

Em 2024, a produção de cafés especiais representou um quinto do total das 200 sacas produzidas – foram 40 sacas ao todo.

“Produzir um bom café uma vez pode ser sorte. Mas ter uma continuidade ano após ano, mesmo com as intempéries, é resultado de muita resiliência e de paixão. Sou um apaixonado pelo café”, conclui.

PREMIAÇÃO

Os dois campeões receberam R$ 8 mil por saca de 60 quilos como oferta de compra de seus lotes.

O concurso Café Qualidade Paraná é uma promoção da Câmara Setorial do Café do Estado do Paraná, Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná), IDR-Paraná, Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina e Associação dos Funcionários do Iapar.