Produção voltada para exportação
PUBLICAÇÃO
sábado, 12 de fevereiro de 2000
Cristina Côrtes
De Londrina
Para iniciar uma nova atividade na propriedade da família, o agrônomo e empresário rural Paulo Carneiro Ribeiro Filho pesquisou mercado e acertou detalhes com os clientes, antes de instalar os pomares de uva. Com uma meta bem definida exportar o produtor investiu em paking house e câmara fria para atender as exigências da clientela.
O projeto de produzir uvas para o mercado externo foi iniciado em 96, na Fazenda Bom Sucesso, em Ibiporã, próxima de Londrina. Em agosto do ano passado fizeram a primeira exportação, de 60 toneladas, para a Argentina e 15 toneladas para o Uruguai. O plano para este ano é aumentar para 500 toneladas para Europa e Argentina e 100 toneladas ficarão para o mercado interno. Até agora 15 hectares estão produzindo uvas das variedades itália, rubi, benitaka, e da série ouro (benifuji e takassumi). Estamos numa das etapas do projeto que prevê o cultivo de 30 hectares, devendo estar concluído nos próximos cinco anos, diz Paulo Carneiro. O investimento total do projeto é estimado em R$2 milhões.
EstruturaO empresário investiu numa estrutura, visando a exportação porque verificou que as margens de lucros são melhores que o mercado interno. Os clientes estrangeiros são muito exigentes e tivemos que seguir todas as normas, mas também pagam melhor, explica.
O paking house é composto de túnel californiano, onde as caixas de frutas chegam do campo. Neste túnel as frutas são resfriadas, fazendo com que a polpa chegue a zero grau. Em seguida, vão para a câmara fria, a meio grau e com umidade acima de 90 por cento, para não desidratar. A capacidade da câmara é de 200 toneladas de frutas.
Conforme chegam os pedidos dos clientes, as frutas saem da câmara e passam por uma seleção manual, feita por 15 funcionários, quando são retiradas dos cachos as uvas que apresentam algum defeito. Depois elas são embaladas em sacos de papel e colocadas em caixas de 8 kg. Paulo Carneiro informou que o transporte até o cliente também é feito pela empresa, que tem dois caminhões climatizados, para que as frutas não sintam o choque térmico na estrada.
Comercializamos direto com duas grandes redes de supermercados, e nossa uva vai para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Somos o maior fornecedor individual do País para supermercado. Não vendemos nada aqui no Paraná, porque este mercado já tem seus fornecedores, explica.
PioneiraA empresa é pioneira no Paraná em termos de estrutura de pós-colheita e pretende abrir portas no mercado externo para outros fruticultores paranaenses. Quando nosso produto chegar lá fora, mostrando a origem do Paraná, estaremos abrindo caminho para outros produtores, diz Paulo.
Entre as exigências para atender o mercado externo estão a sanidade do produto, em primeiro lugar; assiduidade na entrega; um trabalho de pós-colheita profissional e adequado; embalagem duradoura e adequada (as caixas utilizadas são antifungos); e um lay-out que valorize o produto.
Nosso investimento não foi só em equipamentos e estrutura, mas também em profissionais. Contamos com um consultor na área de mercado externo e um especialista na área de pós-colheita, comenta.
O trabalho no campo é feito em forma de parceria com os 60 trabalhadores que são responsáveis por todas as etapas, do manejo, poda até a colheita. Na propriedade de 272 hectares, além da uva, eles exploram café adensado. São duas safras anuais de uva, de novembro a janeiro e de maio a agosto.
VariedadesOs 15 hectares de uva estão distribuídos entre cinco variedades: itália (5 ha), rubi (3 ha), benitaka (4ha) e a chamada série ouro que são duas: benifuji e takassumi (3ha no total).
Paulo Carneiro comenta que é o único produtor, em escala comercial, dessas duas variedades (benifuji e takassumi) que agradam pelo paladar diferente. Queremos logo aumentar a área destas variedades, porque elas têm uma boa aceitação e atendem o nosso objetivo de oferecer um produto diferenciado, comenta Paulo.
Outra vantagem apontada por Paulo para atender o mercado externo é que o período das duas safras paranaenses coincide com as entressafras dos países interessados na fruta brasileira. Já recebemos a visita de vários clientes estrangeiros, destaca.
Paulo Carneiro informa ainda que já participou de reuniões com a coordenação da Agência de Promoção a Exportação (Apex), do Ministério da Agricultura, e eles querem incentivar a formação de consórcios de produtores interessados no mercado externo. Já fizemos alguns contatos com produtores de Marialva e Bandeirantes. Nesta próxima safra, do total que pretendemos comercializar, 65% são de produção própria e 35% virão de terceiros.Empresa paranaense investe na pós-colheita, para conquistar o mercado externo com uva de qualidade
Investir na infra-estrutura de pós-colheita é fundamental para quem quer entrar no mercado externoAs uvas são selecionadas e embaladas de acordo com a exigências do mercadoA variedade benifuji parece a rubi, mas o sabor é bem diferente.UvaPaulo Carneiro Ribeiro Filho diz que o projeto deve estar concluído em 5 anos, com investimento total de R$2 milhões