Preço do tomate dispara e custo de produção acompanha
Preço médio do quilo atingiu R$ 9,35 em março, alta de 50% na comparação com fevereiro
PUBLICAÇÃO
sábado, 09 de abril de 2022
Preço médio do quilo atingiu R$ 9,35 em março, alta de 50% na comparação com fevereiro
Lucas Catanho, especial para a FOLHA


Levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural) mostra que o preço médio do tomate no Paraná atingiu a marca de R$ 9,35 o quilo em março, um aumento de 50% comparado ao mês anterior. Apesar da alta expressiva, os produtores não comemoram ganhos. Pelo contrário, o alto custo de produção tem até desestimulado a atividade.
O engenheiro agrônomo da Ceasa Paraná, Felipe Nascimento dos Santos, explica que, apesar de o preço ser atrativo para o produtor, houve um aumento no custo de diesel, fertilizantes e energia elétrica. “E para o consumidor está mais caro comprar o tomate, pois a maior parte da variação do preço é repassada”, explica.
Conforme o custo de produção do tomate aumenta, o produtor passa a ter um alto investimento para produzir. “O aumento do preço para o consumidor diminui o consumo de tomate. Essa soma de fatores vem fazendo com que os produtores em geral diminuam a sua área plantada de tomate no estado do Paraná”, pontuou.
O analista acrescenta que parte da alta no preço do tomate deve-se ao fato de em março ocorrer o fim da safra no Paraná e em Santa Catarina. “Com o início da entressafra na região, começa a chegada do tomate de regiões mais distantes, como Goiás e Minas Gerais.”
Além do aumento do custo de produção, outro desafio para os produtores de tomate no Paraná é o clima, pois o excesso de chuva e a seca têm influência direta na produtividade do cultivo. “Para tentar amenizar a influência dos fatores climáticos na produção de tomate, muitos produtores adotam o cultivo hidropônico e o uso de estufas”, explica o técnico.
As principais variedades de tomate cultivadas no estado do Paraná são a saladete, a cereja e o longa vida.
No primeiro trimestre deste ano, foram comercializadas quase 24 mil toneladas de tomate nas unidades da Ceasa Paraná. De janeiro para março, a queda na comercialização foi quase 7% menor nos entrepostos do Estado – de 8.182 para 7.626 toneladas.
DESAFIOS
O produtor Eleandro Marcos Santos faz parte de uma família que planta tomates há quase 30 anos em Reserva, município de quase 27 mil habitantes com a maior produção do legume no Estado. Seguindo os passos do pai, ele está na atividade há 18 anos.
Apesar de o preço médio no Estado do quilo do tomate passar de R$ 9 em março, Eleandro aponta que o custo do tomate dobrou de preço para produzir. “Tudo começou com a pandemia, mas a maior alta foi esse ano, com o início da guerra entre Ucrânia e Rússia.”
Comparando o preço de fertilizantes, Eleandro aponta que de janeiro do ano passado até hoje o aumento foi de 350%, e de defensivos, 100%. “Vai ser difícil termos lucro. Se continuar esse aumento de preço dos fertilizantes e dos defensivos, penso em parar a atividade, pois o lucro está sendo cada vez mais difícil”, destaca.

No momento, o produtor rural está iniciando a colheita, com uma comercialização melhor que no ano passado. “É que a produção é bem inferior, ou seja, o tomate está em falta no mercado”, diz.
Com início da segunda safra em janeiro e término no final de maio, Eleandro espera produzir 120 toneladas nesse período, provenientes de 40 mil pés de tomate cultivados em 3 hectares de terras. Para obter o máximo de desempenho na produção, o foco está na qualidade da terra e da mão de obra.
Hoje, a produção de Eleandro abastece três Estados – Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
PRESENÇA
Mais de 80% dos municípios paranaenses produzem tomate. Dentre os 399 municípios do Estado, 323 cultivam o legume.
O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do tomate em 2020 ficou em R$ 546,8 milhões, dado mais atual fornecido pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
As três principais regiões produtoras de tomate em 2020 foram Ponta Grossa (29 mil toneladas), Curitiba (19,5 mil toneladas) e Ivaiporã (15,9 mil toneladas). Os municípios com maior produção nesse ano foram Reserva (região de Ponta Grossa), Marilândia (região de Apucarana) e Faxinal (região de Ivaiporã).
No ranking nacional, o Paraná é o 5º maior produtor de tomate do Brasil, ficando atrás de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, os quatro principais produtores do legume.

