PR é o 3º maior produtor de morangos do Brasil
São José dos Pinhais, na RMC é o maior produtor, mas Jaboti, no Norte Pioneiro, é reconhecida capital estadual da fruta
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sábado, 17 de setembro de 2022
São José dos Pinhais, na RMC é o maior produtor, mas Jaboti, no Norte Pioneiro, é reconhecida capital estadual da fruta
Lucas Catanho - Especial para a FOLHA
O Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta o Paraná como o terceiro maior produtor nacional de morangos, com 7,1% de participação financeira. Em primeiro e em segundo lugares estão Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com 57,9% e 13,8% de participação, respectivamente.
O engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural) – órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento –, Paulo Andrade, explica que o Paraná tem potencial para crescimento da sua participação em nível nacional.
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“Isso se deve à sua posição geográfica perto de grandes centros consumidores e às características da agropecuária estadual, sendo que 46% dos estabelecimentos rurais são de propriedades até 10 hectares que se dedicam à agricultura familiar”, explica.
Dados do Deral apontam que 252 municípios paranaenses produziram morango em 2021, 63% do total do território estadual. Nesse mesmo ano, a produção atingiu 34,4 mil toneladas da fruta, volume 91% maior que em 2012, quando foram colhidas 17,9 mil toneladas.
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A área de plantio cresceu 65,9% nesse mesmo período, saltando de 615 para 1.020 hectares. O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) da atividade atingiu R$ 314,3 milhões em 2021.
A região de Curitiba é a maior produtora de morangos do Estado, com participação de 45,6% no Estado em 2021. Na sequência vêm as regiões de Jacarezinho e de Ponta Grossa, com participações de 20,1% e 11,2% na produção do Estado, respectivamente.
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O maior produtor de morangos do Paraná em 2021 foi o município de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, com área plantada de 100 hectares e produção de 4,7 mil toneladas, concentrando 13,7% da produção estadual da fruta.
FAMILIAR
Os irmãos Guilherme e Odiclei Buhrer começaram a plantar morangos há cinco anos na propriedade em São José dos Pinhais, município no topo do ranking estadual. No ano passado, eles produziram uma tonelada da fruta. Neste ano, a expectativa é dobrar a produção, alcançando cerca de duas toneladas.
“É um mercado que oscila muito, variando conforme a demanda e a oferta do produto”, explica Odiclei.
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A valorização do morango foi de 30% no último ano – eles venderam o quilo da fruta a R$ 10 em agosto de 2021. No mesmo mês deste ano, a cotação subiu para R$ 13. “Este ano o preço aumentou por conta do clima mais frio”, explica Guilherme.
Para obter o máximo em produtividade e qualidade, os irmãos procuram fazer o manejo correto dos canteiros e uma boa irrigação das frutas. “Plantar morangos é viável só em uma grande quantidade. No nosso caso, tem sido por enquanto para manter as despesas do dia a dia”, destaca Odiclei.
Os irmãos acrescentam que a alta dos preços de adubos e dos insumos acaba prejudicando os pequenos produtores, pois o preço do morango não sobe conforme o aumento dos custos de produção. “Nesses cinco anos que estamos produzindo, o preço dos insumos dobrou de preço”, contabiliza.
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Os morangos são comercializados para uma cooperativa da região e também diretamente ao consumidor final, na região de São José dos Pinhais. A cooperativa, por sua vez, entrega as frutas na Ceasa.
A produção atual é totalmente familiar – Odiclei cuida das vendas diretas para o cliente final, e Guilherme e o pai trabalham no manejo dos canteiros e na colheita.
Sobre o aumento da produção em maior escala, eles ainda têm ressalvas. “Pretendemos ampliar após constatarmos que irá compensar, pois o investimento inicial a cada ano se torna mais caro. Para se ter uma ideia, o preço de produção das mudas mais que dobrou nesses cinco anos”, concluem.
ANO TODO
O engenheiro agrônomo do Deral, Paulo Andrade, explica que, com manejo adequado, os produtores de morango conseguem ofertar a fruta praticamente o ano todo, ampliando as épocas de colheita. A oferta, porém, é mais concentrada no segundo semestre.
“Na região norte do Estado, mais quente, a exploração se dá mais em campo aberto, mas o cultivo suspenso tem evoluído. Na região sul, mais fria, o cultivo suspenso predomina e também em canteiros”, explica.
As unidades da Ceasa do Paraná comercializaram 7,7 mil toneladas de morango em 2021, alavancando uma movimentação financeira de R$ 78,9 milhões.
Jaboti é A Capital Paranaense do Morango
Jaboti, município do Norte Pioneiro, foi reconhecida em abril deste ano como a Capital do Morango do Estado do Paraná, por meio da Lei Estadual nº 21.022.]
A importância da atividade faz jus ao título: com população de 5.300 pessoas, cerca de 1.200 empregos diretos e indiretos são gerados hoje, no município, por meio do morango.
Ao todo, são 300 famílias que se dedicam à atividade. “O morango é a principal atividade econômica do município”, destaca Waldemar Siqueira, secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente.
Em 2021, Jaboti produziu cerca de 4,5 mil toneladas de morangos. A expectativa é que a produção atinja 6 mil toneladas da fruta até o final deste ano.
A área plantada atual está em 120 hectares, onde são cultivados sete milhões de plantas. O cultivo se dá direto no chão a céu aberto, com túnel de proteção, em estufas e também suspenso. No ano passado, o VBP (Valor Bruto da Produção) gerado pela atividade atingiu R$ 34,7 milhões.
A comercialização do morango produzido em Jaboti se dá em todo o Paraná, além dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso.
Tanta tradição motivou a criação da Expomorango, que já realizou a 9ª edição neste ano. Além de shows e rodeio, a festa é permeada pela produção da fruta, com oferta de morangos in natura, doces e geleias.
O município abriga ainda a Associação Norte Velho, em que os produtores cultivam um morango diferenciado com uso mínimo de agrotóxicos e qualidade superior.
“Com apoio de assistência técnica e do Sebrae, estamos prestes a receber o selo de Identificação Geográfica. Além disso, um barracão será inaugurado em breve para abrigar os processos de classificação, armazenamento, embalagens e comercialização”, conclui o secretário.