Entidades de apoio à agricultura lançaram um plano de revitalização da cafeicultura do Paraná. O Estado já foi um dos maiores produtores de café do Brasil, mas atualmente as áreas estão sendo reduzidas, o que leva produtores rurais ao desemprego e a deixarem suas áreas, principalmente o agricultor familiar.

Na década de 1960, o Paraná chegou a contar com uma área cultivável de café composta por 1,8 milhão de hectares. Mais de 60 anos depois, a safra de 2021 resultou em 842 mil sacas, provenientes de 33,4 mil hectares de cultivo, com um VBP (Valor Bruto de Produção) de R$ 911,2 milhões.

28º lugar

O café é o 28º produto agrícola com maior VBP do Estado. Levantamento feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento), mostra que a riqueza produzida pela atividade cafeeira representa 0,5% do VBP paranaense total.

O café é o 28º produto agrícola com maior VBP do Estado e a cultura está presente em 187 municípios do Paraná
O café é o 28º produto agrícola com maior VBP do Estado e a cultura está presente em 187 municípios do Paraná | Foto: José Fernando Ogura/AEN

“A motivação de um plano dessa robustez se deu pela importância que a atividade cafeeira tem no Paraná. Atualmente a cultura está presente em cerca de 187 municípios do Estado, sendo a principal atividade agrícola de alguns deles”, destaca Bruno Vizioli, analista técnico do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR.

Hoje, são pelo menos 6 mil famílias que trabalham na cafeicultura em território paranaense. Uma das metas é chegar a 24 mil famílias na atividade.

Outra meta proposta pelo plano é aumentar a área de café para 90 mil hectares, além de mecanizar pelo menos 80% das áreas.

Vizioli explica que as metas serão alcançadas por meio da capacitação dos produtores e de assistência técnica, que no Paraná fica a cargo do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural). O Senar-PR poderá ofertar cursos aos produtores. “Há um plano de incentivo financeiro em que o governo estadual poderá investir na atividade, por meio de parcerias com as prefeituras.”

PRINCIPAIS AÇÕES

Entre as ações, figuram investimento para produção de mudas de café com qualidade genética superior às que já existem no mercado, oferta de insumos para os pequenos produtores e assistência técnica específica para a cafeicultura.

O território paranaense dispõe de vantagens em relação às demais regiões produtoras – menos estresse hídrico, áreas mais fáceis de serem mecanizadas e menos severidade de pragas e doenças.

Imagem ilustrativa da imagem Plano pretende revitalizar a cafeicultura do Paraná
| Foto: Gustavo Pereira Padial/Folha Arte

“Assim, a atividade tem mais motivos para crescer no Estado do que ter área reduzida. O objetivo do plano não é competir com áreas de soja, milho e trigo, mas dar condições ao produtor que estava quase deixando a cafeicultura a permanecer na atividade”, pontua.

O plano de revitalização da cafeicultura do Paraná foi elaborado com a parceria de várias entidades públicas e privadas.

Entre elas estão o IDR de Londrina, o Sistema Faep/Senar-PR, a Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná), a Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento), além de Secretarias Municipais de Agricultura de algumas cidades no Norte Pioneiro do Estado (região onde o café é a principal atividade agrícola), sindicatos rurais e cooperativas.

PEQUENOS PRODUTORES

Paulo Franzini, técnico do Deral responsável pela cultura do café no Estado e secretário executivo da Câmara Setorial do Café do Paraná, lembra que a entidade propôs há um ano à Seab a elaboração de um plano direcionado à cultura do café.

“Hoje a maioria da atividade é produzida por pequenos produtores. É necessária uma ação coordenada de políticas públicas para que haja sustentabilidade e o quadro de decadência da área e da produção cafeeira seja revertido. Temos no Paraná solo e clima aptos para promover uma alta produtividade, mas hoje o Estado é deficitário em termos de produção e consumo”, destaca.

O plano foi entregue em novembro do ano passado ao secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, e está sendo analisado pela pasta para ser implementado na prática.