Pesquisa depende da sociedade
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 21 de abril de 2000
Jota Oliveira
De Londrina
Competitividade, para concorrer num mundo de economia aberta globalizada; sustentabilidade, preservação do ambiente e equidade social são os compromissos básicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa líder nacional em ciência e tecnologia para desenvolvimento da produção rural, que no próximo dia 26 comemora 27 anos de atividades.
A importância da interação crescente entre pesquisa e sociedade foi destacada no último sábado, dia 15, em Londrina, pelo presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal, que visitou a 40ª Exposição Agropecuária e Industrial deste município (38ª Nacional e 4ª Internacional).
Modelo de pesquisaPortugal disse que a Embrapa não tem um novo modelo de gestão, mas vem aprimorando seu modelo ao longo do tempo e tornando mais explícitos seus compromissos: competitividade, pela economia aberta num mundo globalizado; sustentabilidade, porque é uma demanda da sociedade brasileira; qualidade do produto, porque a sociedade também quer um produto com menos contaminação e equidade social, que é uma necessidade e uma das linhas do Presidente Fernando Henrique para reduzir a injustiça social, viabilizando a inserção no mercado do maior número possível de pequenos produtores.
Não se trata, portanto, de um novo modelo, mas um modelo aprimorado de gestão, na medida em que as demandas da sociedade ficam mais claras.
A Embrapa tem 39 unidades de pesquisa e perto de 9 mil funcionários, dos quais 2 mil são pesquisadorews (52% possuem mestrado e 43% têm doutorado). A definição desse pessoal todo para o novo século exigirá mais atenção para os programas que causarão maior impacto, como a biotecnologia, a agricultura de precisão, a agregação de valores, o meio ambiente, e a informação. Isto não significa que serão eliminados outros programas, unidades de pesquisa, assegura Portugal. Tratam-se de prioridades, nas quais se incluem também fruticultura e carnes.
ParceriasO orçamento da Embrapa é de R$550 milhões e receitas próprias, estas fornecidas por outras fontes, não do Tesouro. Procurando racionalizar suas atividades, a empresa de pesquisa terceiriza as atividades mais mecânicas. Nosso negócio não é vender força mecânica, mas vender inteligência, tecnologia, royalties, genética. Estamos buscando parcerias de terceirização dos negócios de rotina, informa Alberto Duque Portugal.
No seu trabalho, a Embrapa precisa observar alguns pontos: 1 sua missão e razão de ser não é fazer pesquisa, mas viabilizar soluções para a sociedade através da pesquisa; 2 contribuir para o desenvolvimento sustentável; 3 o conceito do agronegócio, entendido como o que vem antes, durante e depois da porteira da fazenda, eglobando desde a melhoria de renda e vida do pequeno produtor, até tribos indígenas e diferentes segmentos da sociedade e os empresários melhor qualificados; 4 a Embrapa não está trabalhando só para o produtor rural, que é um agente transformador de tecnologia de alto interesse da sociedade. Nós estamos olhando o benefício da sociedade como um todo.
Portugal pergunta: Por que estamos fazendo pesquisa? Ele explica que a Embrapa analisa todo o agronegócio brasileiro e identifica que existem quatro grandes desafios, aqueles já relacionados: competitividade, sustentabilidade, equidade social e qualidade de vida e dos produtos brasileiros.
Os quatro desafios para a empresa viabilizar o seu trabalho são, de um lado, o acompanhamento do avanço científico mundial (a Embrapa, como as universidasdes e outras instituições de pesquisa, tem que estar preocupada em trazer para dentro do agronegócio brasileiro o que há de mais avançado e principalmente com rapidez. Se demorar, alguém ocupa o espaço).
Trabalho científicoO trabalho científico da Embrapa está se desenvolvendo em quatro áreas que causarão uma grande mudança neste século vindouro: a área de biotecnologia, da engenharia genética, que tem a capacidde de desenhar o produto que o mercado quer ela tornará possível plantas e animais mais resistentes a pragas e doenças; plantas e animais capazes de produzir em áreas geladas, mais únmidas ou mais secas; plantas mais resistentes a veranicos; plantas que tenham mais proteína, mais óleo; plantas ou animais produzindo vacinas, aminoácidos.
A segunda área que pode fazer grande diferença é o conjunto de tecnologias de menos risco de contaminação. Evitar isto está relacionado à agricultura de precisão, ou seja, o produtor pode colocar a quantidade certa de insumos com a quantidade certa de água, para não perder dinheiro e não contaminar o aibiente. O terceiro conjunto de tecnologias de impacto e das tecnologias que agregam valores, que são capazes de diferenciar produtos, são capazes de, no processamento, melhorar o uso de um produto, aumentar seu tempo de prateleira.
Enfim, é o conjunto de tecnologias que faz a diferneça.É preciso especificar de maneira clara as demandas, para orientar as linhas de trabalho dos pesquisadores
Alberto Portugal: Embrapa tem o desafio de acompanhar o avanço científico mundial e trazer para o agronegócio brasileiro o que há de mais recente, com rapidez.