Paraná também produz o gourmet
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sexta-feira, 27 de outubro de 2000
Jota Oliveira De Londrina
Em Cornélio Procópio, Pedro Baggio Neto produz cafés finos na Fazenda Ouro Verde, aberta há 61 anos por uma família que se dedica há mais de 100 anos à cafeicultura. Neste eno ele é um dos produtores que inscreveram as 477 amoostras para o concurso de café gourmet. Outros paranaenses que participam são José Pratti, de Maringá e Vicente Dilele Filho, de Perobal (região de Umuarama).
Não perdeO presidente da Comissão de Café da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Wilson Baggio, afirma que o Paraná produz café tão bom quanto os melhores cafés do Brasil, geralmente identificados com as zonas da Mogiana (SP) e Sul de Minas.
O café gourmet, explica Wilson, é um café fino, bebida mole, de estilo esverdeado, tipo 2-3 (sem nenhum defeito) e paladar requintado. No Paraná é o cereja descascado, que dá um café finissimo.
Com a participação dos paranaenses, além de paulistas, mineiros e até dois produtores da Bahia Thiago Oliveira Khouri, de Salvador, e Agronol Agroindústria, de Luiz Eduardo Magalhães, o concurso está na fase de pré-finalistas.
A diversificação da origem dos participantes do 2º Concurso Projeto Gourmet Cafés do Brasil comprova, segundo os organizadores, que o Brasil possui diversas regiões produtoras de cafés exemplares. Tanto que participam 111 lotes de Minas Gerais (64 do Cerrado, 35 do Sul de Minas e 12 das matas de Minas), 18 de São paulo, 3 do Paraná e 2 da Bahia.
FasesNa fase atual do concurso, para prova de xícara, participaam 134 lotes selecionados na primeira fase entre os 477 iniciais. Em seguida o júri se reúne novamente no Laboratório de Qualidade de Cafés da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), em Lavras, para a escolha dos 50 melhores lotes. Na etapa final, dias 30 e 31 deste mês, um novo júri, integrado por especialistas de oito países e coordenado por George Howell, consultor internacional do projeto, selecionará os 20 melhores lotes.
Os cafés vencedores participarão de leilão pela Internet, organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais e entidades internacionais como as associações norte-ameericana e européia de cafés especiais (SCAA e SCAE, respectivamente). O leilão será aberto a compradores do mundo todo. No ano passado o preço médio obtido pelos lotes participantes do leilão chegou a US$91 a saca. O leilão deste ano será no dia 28 de novembro, no site Marketing Partner, da SCAA: www,scaa.org.).
VitóriaNo dia 19 deste mês um grupo de pessoas, representando a cafeicultura paranaense, obteve uma vitoria inédita em Brasília: o encaminhamento ao Congresso, no mesmo dia em que foi pedido ao Governo, de projeto que possibilita ao Funcafé financiar o custeio dos cafeeiros recepados devido às geadas. O diretor da Faep, Wilson Baggio, calcula que foram recepados no Estado 50 mil hectares de cafeeiros que só recomeçarão a produzir daqui a três anos. O parque cafeeiro paranaense é estimado em 136 milhões de sacas.
O grupo, do qual faziam parte o secretário-geral da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, os deputados Moacir Micheleto, Alex Cansiani, Dirceu Sperafico e José Borba, e Wilson Baggio, foi recebido pelo ministro interino da Agricultura, Mário Fortes Gonçalves, secretário-geral do Ministério. Ele substituía o ministro Pratini de Moares, que estava viajando.
Sem dinheiro e sem crédito especial para as operações de custeio, os cafeicultores teriam dificuldades para aguardar a próxima safra do café da área recepada (recepa é uma técnica para recuperar os cafeeiros mais prejudicados por geadas). No Funcafé não consta dinheiro para custeio, mas somente para investimento. Wilson Baggio argumentou que bastava um projeto, introduzindo uma nova alíquota nas normas do Funcafé. O projeto precisaria ser enviado ao Congresso, para aprovação. Bastava dividir a rubrica de financiamento para cafés geados em investimento e custeio.
O deputado Micheleto encarregou-se de trabalhar em favor da matéria. Mário Fortes Gonçalves redigiu na hora o projeto e o encaminou ao Congresso, onde foi relatado pelo deputado federal José Borba. No dia 20 o projeto entrou em pauta, apoiado por Micheleto, e no dia 25 foi aprovado por votos de liderança. Em meados desta semana já estava na Casa Civil da Presidência da República, aguardando sanção presidencial.
O financiamento de custeio com recursos do Funcafé terá prazo de 4 anos, comm dois de carência; juros de 9,5% ao ano e será pago em duas parcelas: 40% no terceiro ano (quando deverá recomeçar a produção) e 60% no quarto ano. Com isso o Paraná, que estava alijado do processo de financiamento para recuperação de cafezais, será atendido com a simples troca de uma rubrica, comentou Wilson Baggio.