Projeção da Faep é que o consumo per capita de carne de frango salte para 48 quilos até o final deste ano no Paraná
Projeção da Faep é que o consumo per capita de carne de frango salte para 48 quilos até o final deste ano no Paraná | Foto: Lis Sayuri/02/06/2014

Maior produtor e exportador nacional, o Paraná registrou um crescimento de 21,8% no faturamento e alta de 8,8% no volume exportado de carne de frango em 2021 na comparação com o ano anterior.

No ano passado, o Estado comercializou para o exterior 1,8 milhão de toneladas de frango, que geraram um faturamento de US$ 2,86 bilhões. Em 2020, foram remetidas ao exterior 1,65 milhão de toneladas, que resultaram num faturamento de US$ 2,35 bilhões. Os dados são da Agrostat, ferramenta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“O aumento das compras internacionais deu-se pelo maior controle sobre a pandemia de Covid-19 em nível mundial e o fato da nossa avicultura produzir carne de qualidade ímpar e estar isenta de doenças, como por exemplo a influenza aviária, que acomete vários países, inclusive europeus”, explica o veterinário Roberto de Andrade Silva, analista do Deral (Departamento de Economia Rural) – órgão da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento.

Sobre o faturamento proporcionalmente maior em comparação ao volume exportado pelo Paraná em 2021, o analista explica que a diferença se deve ao crescimento dos custos de produção por conta da elevação dos preços dos insumos, especialmente milho e soja em nível mundial.

“Também deve ser apontado o aumento das compras/demanda devido ao maior controle sobre a pandemia de Covid-19”, acrescentou.

O Paraná continuou em 2021 destacando-se no contexto nacional, com participação de 40,4% do volume total de carne de frango exportada pelo Brasil e com 38,3% da receita cambial em dólares.

Na sequência figuram os estados de Santa Catarina, com 23% do volume total exportado e 24,5% do faturamento; e Rio Grande do Sul, com 15,8% do volume total e 15,7% do faturamento.

NACIONAL

A alta nas exportações de frango no Paraná praticamente seguiu a tendência nacional. Em todo o Brasil, as exportações de carne de frango cresceram 25% em faturamento, atingindo um montante de US$ 7,48 bilhões, em relação ao valor acumulado de 2020 (US$ 5,98 bilhões).

Já em termos de quantidade exportada, o crescimento registrado foi de 8,3% Em 2021 foram 4.468 toneladas e em 2020, 4.125 toneladas.

Em 2021, o país exportou 97,7% de carne de frango na forma in natura (4,36 milhões de toneladas) e apenas 2,3% na forma de industrializados (103,4 mil toneladas). Observou-se um crescimento de 8,3% no volume de carne de frango in natura exportada, já que em 2020 foram exportadas 4,03 milhões de toneladas.

Com relação ao faturamento, o produto in natura registrou uma alta de 25,5% no acumulado de janeiro a dezembro de 2021 – de US$ 5,73 bilhões em 2020 saltou para US$ 7,2 bilhões no ano passado.

O preço médio da carne de frango in natura exportada em 2021 foi 16% maior que o obtido no ano anterior (2021: US$ 1.649/tonelada e 2020: US$ 1.422/tonelada).

TENDÊNCIA

Mariani Ireni Benites, técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, aponta que a expectativa é de que as exportações de frango pelo Paraná continuem a crescer, principalmente pelo reconhecimento internacional do Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação.

“Isso tende a abrir novos mercados, inclusive os mais exigentes. Ainda não se tem uma projeção oficial para as exportações de 2022, porém a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) estima crescimento inferior do que foi registrado em 2021”, afirmou.

Cresce consumo interno per capita

A técnica Mariani Benites, do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, explica que, com o aumento do preço da carne bovina, a população está migrando para outras proteínas animais, principalmente para a carne de frango.

Dados da ABPA comprovam isso. De acordo com a entidade, o consumo per capita no Brasil foi de 45,27 quilos de carne de frango por habitante em 2020, primeiro ano da pandemia, volume 5,67% maior que no ano anterior (42,84 kg).

A projeção feita pela entidade é que o consumo per capita de carne de frango salte para 48 quilos até o final deste ano, volume 6% maior em comparação com 2020.

“Apesar dos recordes em produção e exportação, o produtor de frango paranaense vem sofrendo com os custos de produção. Ou seja, apesar do bom momento comercial, os ganhos foram desproporcionais aos gastos, deixando muitos produtores no vermelho”, explica.

Ela acrescenta que, mesmo com expectativa de crescimento para o setor neste ano, ainda não existem bons horizontes para o avicultor paranaense devido à combinação dos altos custos de produção, que tendem a permanecer, com a baixa capacidade aquisitiva do consumidor, que impede o repasse total desses custos, absorvidos pelos produtores e indústrias.

“Lembrando que o momento é complicado não só para a avicultura, mas também para outras cadeias dependentes de grãos, especialmente o milho, que teve grande quebra de produção no Estado”, conclui.

Em 2021, o Brasil  exportou 97,7% de carne de frango na forma in natura (4,36 milhões de toneladas)
Em 2021, o Brasil exportou 97,7% de carne de frango na forma in natura (4,36 milhões de toneladas) | Foto: Ari Dias/AEN

China é principal destino

Os principais destinos da carne de frango brasileira em 2021 foram a China (639.492 toneladas e US$ 1,27 bilhão); Japão (448.348 toneladas e US$ 845,4 milhões); Arábia Saudita (353,5 mil toneladas e US$ 648,2 milhões); Emirados Árabes (389,5 mil toneladas e US$ 692,2 milhões); África do Sul (296,9 mil toneladas e US$ 208,6 milhões); Filipinas (168 mil toneladas e US$ 152,5 milhões); Países Baixos (141 mil toneladas e US$ 328 milhões); Coreia do Sul (113,7 mil toneladas e US$ 204,1 milhões); Iêmen (111,9 mil toneladas e US$ 171,7 milhões) e Rússia (105,8 mil toneladas e US$ 167,2 milhões).

Assim como em nível nacional, a China também foi o principal destino da carne de frango exportada pelo Paraná no ano passado. “O estado possui a maioria de suas empresas ou cooperativas habilitadas para vender seus produtos para a China”, conclui Roberto de Andrade Silva, analista do Deral.

FOTO EM DESTAQUE: Ari Dias/AEN