O Paraná é o segundo estado brasileiro que mais exporta milho. No primeiro quadrimestre deste ano, 1,4 milhão de toneladas do cereal foram comercializadas para o mercado externo, volume 232% maior em comparação ao mesmo período de 2022, com 415,4 mil toneladas vendidas ao exterior. Dados são da Agrostat, ferramenta do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Em 2023 os principais compradores de milho do Paraná foram Japão, Taiwan e Vietnã, com 46%, 13% e 12% de participação, respectivamente. Esses três compradores detêm mais de 70% da exportação do milho paranaense.

Edmar Gervásio, analista do Deral (Departamento de Economia Rural), destaca a retomada dos volumes normais de exportação de milho pelos produtores paranaenses. “Considerando que a safra retrasada foi frustrada e a anterior normal, houve uma normalização dos volumes tradicionalmente que exportamos”, explica.

Em média, o Paraná exporta entre 2,5 e 4 milhões de toneladas de milho por ano. “Como se trata de uma commodity, por regra geral, os preços são basicamente iguais tanto no mercado interno como externo, havendo diferenças eventuais em prêmios por demanda.”

Na exportação de milho em nível nacional, o Paraná ficou atrás apenas de Mato Grosso, que obteve 42% de participação nas vendas externas no primeiro quadrimestre deste ano, com a comercialização de 4,3 milhões de toneladas.

A Integrada Cooperativa Agroindustrial estima exportar atualmente até 20% do milho produzido pelos cooperados, por duas modalidades – exportação direta ou via trades. O restante do volume atende ao mercado interno.

“Na maioria das vezes, o mercado interno precifica melhor, é mais atrativo. Mas a exportação é essencial para diversificar os canais de vendas, embora dependa de custos portuários e da cotação do dólar”, destaca João Bosco de Souza Azevedo, superintendente comercial da Integrada.

O Brasil totalizou um volume exportado do cereal de 10,2 milhões de toneladas no primeiro quadrimestre deste ano, alta de 142% quando comparado ao mesmo período de 2022, quando foram comercializadas 4,2 milhões de toneladas.

SUPERAÇÃO

Com esse volume registrado até o momento, o Brasil pode superar os Estados Unidos como maior exportador de milho, algo que aconteceu apenas em 2013.

A produção brasileira de milho deve alcançar 124,9 milhões de toneladas (+10,4% em relação ao ano passado), das quais 76,3% correspondem à segunda safra, segundo o último relatório da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Com as previsões atuais de produção, "o país deve aumentar seu excedente para exportação", opina João Pedro Lopes, analista de mercado de commodities para a consultoria StoneX.

Existe alta demanda pelo milho brasileiro, em especial devido aos problemas que enfrentam exportadores tradicionais como Estados Unidos e Argentina, afetados pelo clima, e também a guerra na Ucrânia.

Além disso, essa demanda é impulsionada pela abertura do mercado chinês, após a assinatura de um acordo entre o governo brasileiro e Pequim no início de 2022, destaca Lopes.

EXPORTAÇÃO

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), o Brasil poderia exportar 52 milhões de toneladas de milho este ano, frente às 31,9 milhões de toneladas em 2022, e superar assim o país norte-americano, cujas projeções de exportação são estimadas em 49 milhões de toneladas.

"O Brasil está se impondo como concorrente dos Estados Unidos e tem capacidade de fazer sua produção crescer ainda mais. Ainda há muita superfície disponível para o cultivo", em espaços agrícolas já existentes, "e podemos melhorar nossa produtividade", garante Enori Barbieri, vice-presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho).

Contudo, para continuar melhorando o seu desempenho internacional, ao mesmo tempo em que lida com uma demanda interna crescente - impulsionada pelas necessidades do setor de proteína animal e de etanol -, o Brasil deverá superar alguns desafios.

“O país deve ter condições de elevar os investimentos em máquinas e equipamentos no campo, para que as atividades de semeio e colheita sejam realizadas de forma mais acelerada, além de continuar melhorando a infraestrutura logística para o escoamento da produção", adverte Lucilio Alves, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo.

Por outro lado, a capacidade de armazenamento continua sendo insuficiente, assinala Ricardo Arioli, da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). De acordo com as suas estimativas, o déficit de armazenamento apenas em Mato Grosso foi "de quase 60 % nas últimas safras" de soja e milho. (Com informações da AFP)