O Paraná é o maior produtor de feijão do Brasil, com 21,67% de participação em nível nacional, segundo a Produção Agrícola Municipal, pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com dados relativos a 2019. Entre as quase 3 milhões de toneladas produzidas do grão em 2019, 630 mil foram cultivadas em propriedades paranaenses.

Conforme a série histórica da pesquisa feita pelo instituto, com dados desde 2003, a participação do Estado na produção de feijão nacional variou entre 18,43% em 2005 e 27,08% em 2010 (leia mais no quadro abaixo).

Imagem ilustrativa da imagem Paraná é o maior produtor de feijão do Brasil
| Foto: Ricardo Chicarelli/13-6-2012

O IBGE não tem dados mais atualizados, mas segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, a produção estimada de feijão total na safra 2020/2021 no Paraná poderá chegar a 563,3 mil toneladas, representando 18,2% da produção nacional.

A área de feijão total estimada para a safra, de 372,9 mil hectares, corresponde a 12,7% da área total nacional. “Para esta safra, o Estado está em primeiro lugar no ranking da produção e na área cultivada”, explica Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

O técnico acrescenta que, para esta safra, o Paraná deverá produzir cerca de 12% do volume total nacional do feijão tipo cores e 66% do total do feijão tipo preto – o Estado é o maior produtor de feijão tipo preto do País.

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| Foto: Ricardo Chicarelli/13-06-12

“Algumas condições e características colocam o Paraná como um dos maiores produtores de feijão. Tradicionalmente, o Estado é um produtor de feijão e apresenta uma das maiores áreas produtoras. Em segundo lugar, as condições de solo, relevo e clima propiciam o cultivo da leguminosa”, lista.

Salvador acrescenta que o Estado é um grande produtor de grãos, o que impulsiona a cultura do feijão. “Com isso, os agricultores estão investindo em tecnologia, fazendo com que o produtor alcance bons resultados no campo da produção, da produtividade e da sanidade de suas lavouras”, pontua.

As variedades mais plantadas no Paraná são o feijão preto, o carioca e o especial. “Esse último grupo é de menor expressão de plantio, que interessa a alguns agricultores que possuem mercado dirigido, mas tem grande potencial, inclusive para exportação, diferentemente dos outros grupos, com mercado mais restrito internamente no Brasil”, completa o engenheiro agrônomo Germano Kusdra, coordenador estadual de feijão no IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná.

Regiões

Segundo estimativa da produção de feijão para a safra 2020/21 no Paraná, a região de Ponta Grossa é a maior produtora, com 20% de participação no Estado. Em seguida vem Pato Branco, com 18%. As regiões de Guarapuava, Irati e Curitiba têm 13% de participação cada.

O preço médio recebido pelos produtores paranaenses (saca de 60 quilos) em janeiro deste ano ficou em R$ 261,50 (feijão tipo cores) e R$ 273,85 (feijão tipo preto).

Na comparação com o mesmo mês de 2020, a valorização do feijão preto chegou a 116%, já que em janeiro do ano passado o preço médio estava em R$ 126,75. O feijão cores, por sua vez, registrou valorização de 41% no mesmo período – foi vendido em média a R$ 184,65 em janeiro de 2020.

O engenheiro agrônomo do Deral explica que o feijão cultivado no Estado do Paraná abastece o mercado interno e nacional.

Para abastecer o mercado paranaense, são necessárias cerca de 163 mil toneladas ao ano, volume três vezes menor que a produção estimada de feijão para a safra 2020/2021, que é de 563,3 mil toneladas. Segundo o IBGE, o consumo médio/ano por habitante no Brasil está em 14,16 kg.

Desafios

Enfrentar a variação de preços, a instabilidade climática e utilizar adequadamente a tecnologia de forma que não afete o potencial produtivo e a rentabilidade com a cultura figuram entre os maiores desafios dos produtores, segundo o engenheiro agrônomo Germano Kusdra, do IDR.

“Mas a cultura do feijão não deixa de ser uma grande opção no sistema produtivo da propriedade, pois, na maioria das vezes ou safras, apresenta grande rentabilidade”, pontua.

De acordo com o técnico, os desafios ou problemas podem ser amenizados com assistência técnica e tecnologia e seguindo a recomendação do zoneamento agroclimático para os plantios, além do uso de sementes ao invés de grãos e o manejo adequado do solo.

“Entre as práticas estão o plantio direto com qualidade e o manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras. Aliado a isso, é fundamental o uso de cultivares melhoradas, de maior potencial produtivo, com alguns materiais chegando a 5 mil quilos por hectare e diferenciados em resistência a doenças e adaptação a climas adversos, que podem promover alta rentabilidade na exploração”, complementa.

Valorização

O engenheiro agrônomo e produtor Roberto Eduardo Nascimento da Cunha planta feijão há 27 anos na propriedade localizada em Pinhão (PR). Hoje, dos 300 hectares de área, um terço (100 hectares) é destinado ao cultivo do grão. Ao todo, são quatro variedades plantadas.

Ele destaca que a valorização do feijão nesta época está acontecendo devido a dois fatores acontecendo simultaneamente.

Para extrair o máximo de produtividade, o produtor Roberto da Cunha planta feijão em rotação de culturas com o milho
Para extrair o máximo de produtividade, o produtor Roberto da Cunha planta feijão em rotação de culturas com o milho | Foto: Arquivo Pessoal

“No período dos últimos cinco anos, a área plantada de feijão vem diminuindo consideravelmente. Neste ano que passou, é a menor de todos os anos registrados no Paraná e no Brasil”, declarou.

Outro fator que explica a valorização é a quebra de safras por condições climáticas. “A safra plantada de setembro de 2020 com colheita em novembro de 2020 perdeu-se pela seca, e a plantada em outubro e novembro de 2020 com colheita a partir de janeiro teve perdas na colheita devido ao excesso de chuvas”, explicou.

Ele acrescenta que, por conta dessa combinação de fatores, não foi possível ter produzido feijão em quantidade para atender o consumo, o que valorizou o preço do grão.

Agora, a safra plantada neste mês deve ser colhida em abril e maio. “Se ocorrer mais algum problema, não haverá mais feijão disponível no mercado”, prevê.

Por conta dos problemas citados acima, Roberto diz que a lucratividade para a maioria dos produtores está negativa, já que não foi possível atingir a produtividade e a qualidade por hectare. “Temos produtores que nem colheram a área por perda total, então não temos um aumento de lucro e sim um aumento de prejuízo. Não é o meu caso, mas sim da maioria dos produtores.”

Rotação

Para extrair o máximo de produtividade, Roberto planta todos os anos 100 hectares de feijão em rotação de culturas, sempre após o milho do ano anterior.

“Sou produtor de sementes de feijão com o nome fantasia de Guayi Sementes. Minha produção total varia entre 4 mil e 6 mil sacas, dependendo do ano. Desse montante, 2 mil sacas, em média, são comercializadas na forma de sementes devidamente registradas no Ministério da Agricultura”, conclui.

QUADRO

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| Foto: Folha Arte
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| Foto: Folha Arte
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