O Paraná venceu os problemas causados pela estiagem dos últimos anos e em 2023 assume o posto de segundo maior produtor de soja do Brasil, com cerca de 20 milhões de toneladas previstas para a safra 2022/23, volume que representa 14% do total da produção nacional. Historicamente, Paraná e Rio Grande do Sul brigam pelo posto de segundo lugar no ranking dos estados produtores de soja. O primeiro lugar que é ocupado com grande dianteira pelo Mato Grosso.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná amplia protagonismo na produção de soja
| Foto: Jaelson Lucas / AEN

Edmar Gervásio, analista do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), considera que o aumento de participação do território paranaense na produção de soja em nível nacional passa pela maximização dos resultados obtidos pelos agricultores.

“O crescimento hoje é concentrado em produtividade, já que a expansão de área é muito limitada”, analisa o técnico.

Segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), o Estado do Centro-Oeste deve alcançar o recorde de 42,8 milhões de toneladas na safra 2022/23 – mais que o dobro produzido pelo Paraná.

A área estimada para esta safra em território paranaense é de 5,7 milhões de hectares – o plantio acontece entre setembro e dezembro e a colheita, entre janeiro e maio. O Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, em 2017, quase 85 mil propriedades rurais produziram soja no Paraná.

Sobre os desafios para os produtores, Gervásio considera que o maior problema para a cultura da soja está hoje relacionado à logística. “A maior parte da oleaginosa hoje é exportada”, aponta.

Produtor de Perobal planta soja em 110 hectares

Com propriedade em Perobal, na região noroeste do Paraná, o produtor de soja Gerson Magnoni Bortoli está com ótima expectativa para a safra atual do grão.

Gerson Magnoni Bortoli é produtor de soja em Perobal:
expectativa de colher acima de 4 mil kg de soja por hectare
Gerson Magnoni Bortoli é produtor de soja em Perobal: expectativa de colher acima de 4 mil kg de soja por hectare | Foto: Arquivo pessoal

Na safra passada, em função da seca, ele relembra que a produção média ficou em 1 mil kg por hectare, uma das piores produções desde que se lançou na atividade, há 18 anos. “Para esta safra, nossa expectativa é colher acima de 4 mil kg de soja por hectare”, diz.

O produtor conta atualmente com 110 hectares plantados. “O preço vem caindo em função da expectativa de supersafra no Brasil. Neste ano, a saca está cerca de R$ 160, ano passado nessa mesma época chegou a R$ 200, diferença significativa. Mas ano passado não tivemos produção. A cultura é lucrativa desde que haja uma boa produtividade”, conclui. Hoje, 100% da produção é comercializada para cooperativas da região.

riqueza

A soja deteve a maior participação do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) estadual, com 28,2% de participação e geração de uma riqueza de R$ 50,9 bilhões em 2021. Na sequência veio o frango de corte, com R$ 32,5 bilhões e 18% de participação.

Segundo o relatório do Deral, os maiores produtores de soja no Estado em 2021 foram Tibagi, Cascavel, Guarapuava, Ponta Grossa e Castro.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná amplia protagonismo na produção de soja
| Foto: MARCOS ZANUTTO/ 09/11/2018

Tibagi produziu 371 mil toneladas que resultaram em um VBP de R$ 960,2 milhões; Cascavel, 367 mil toneladas e VBP de R$ 950,4 milhões; Guarapuava, 285 mil toneladas e R$ 736,6 milhões; Ponta Grossa, 268 mil toneladas e R$ 694,5 milhões, e Castro, com 237 mil toneladas e VBP de R$ 613,8 milhões.

NACIONAL

O Brasil, além de maior produtor de soja, é também o maior exportador. Para esta safra, a expectativa é que sejam exportadas mais de 90 milhões de toneladas.

Nesta safra espera-se que sejam produzidos 383 milhões de toneladas de soja no mundo. O Brasil é o principal produtor, tendo uma produção estimada para esta safra de 154,81 milhões de toneladas, quase 40% de toda a produção mundial.

Em abril, a soja em grãos registrou exportações de 14,34 milhões de toneladas (+25,0%), segundo o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). De acordo com a análise da SCRI/Mapa (Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura), trata-se de um dos maiores volumes já exportados pelo Brasil, somente ultrapassado por três vezes em toda a série histórica (abril de 2020, com 14,85 milhões de tonelada; abril de 2021, com 16,11 milhões de toneladas e maio de 2022, que teve 14,97 milhões).

Os preços médios de exportação, porém, caíram de US$ 589,03 por tonelada em abril/2022 para US$ 540,30 por tonelada em abril/2023 (-8,3%). Segundo o Mapa, a queda dos preços reflete as perspectivas de oferta da oleaginosa nesta safra, que apresenta o maior nível de produção mundial da história, com boas perspectivas para a produção nos Estados Unidos, China, Índia e recorde histórico no Brasil, mesmo com a forte quebra de safra na Argentina.

Com o expressivo volume exportado, o valor atingiu US$ 7,75 bilhões (+14,6%), novo recorde mensal das exportações de soja em grão. A China é a principal importadora do Brasil, adquirindo 70% do volume exportado da oleaginosa.

ESTADOS UNIDOS e ARGENTINA

Os Estados Unidos são o segundo maior produtor da oleaginosa, com 116,4 milhões de toneladas, seguidos pela Argentina, com 40 milhões de toneladas. A produção de soja está bastante concentrada nesses três países, com participação de mais de 80%.

EXPORTAÇÕES DO AGRO

Nos primeiros quatro meses de 2023, as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram recorde de US$ 50,6 bilhões, o que representa um crescimento de 4,3% na comparação com o mesmo período em 2022, quando as vendas foram de US$ 48,53 bilhões.

A maior parte da soja produzida no Paraná é exportada
A maior parte da soja produzida no Paraná é exportada | Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

De acordo com a análise da SCRI/Mapa, a expansão se deu em função do aumento da quantidade exportada (+2,3%), bem como do índice de preço dos produtos (+1,9%).

O aumento na quantidade exportada de milho (+6,05 milhões de toneladas) e soja em grãos (+1,05 milhão de toneladas) foi o que mais contribuiu para a expansão no índice de quantum.

O agronegócio representou quase metade das vendas externas totais do Brasil em 2023, com participação de 49%. No ano anterior o share do agronegócio na pauta exportadora brasileira foi de 47,7%. A exportações totais registraram crescimento de 1,6%, como resultado do crescimento do agronegócio, uma vez que os demais setores tiveram queda de 0,8% no período.

As exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), carne de frango e suína, milho, celulose e etanol foram recordes no quadrimestre.

Excelente abril

As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 14,7 bilhões em abril deste ano. Os principais recordes no mês foram para soja em grãos, carne de frango e carne suína.

A participação do agronegócio nas exportações totais brasileiras subiu para 53,9% em abril. Os demais produtos exportados pelo Brasil registraram exportações de US$ 12,61 bilhões (-10,7%). (Com Agência Estadual de Notícias e Comunicação do Mapa)