País precisa replanejar seu agronegócio
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sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Ricardo Maia<br>Reportagem Local
A agropecuária mundial vive um desafio: aumentar a produção para atender a crescente demanda de alimentos. Até 2050, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o planeta terá 9,2 bilhões de pessoas. Dados do último censo apontaram, em 2010, uma população de 6,9 bilhões de pessoas. No Brasil, a estimativa é de que, em 2050, o número de pessoas no País chegue a 254,08 milhões, ante 202,76 milhões de habitantes contabilizados no País no censo de julho de 2014. Mas será que a quantidade de alimentos que produzimos hoje dará conta de atender essa demanda?
Uma pesquisa realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, aponta que todos os segmentos do setor produtivo terão que aumentar sua produtividade para atender o crescimento da demanda. Neste cenário, segundo o estudo, o Brasil tem grande potencial de crescimento na produção de alimentos, principalmente pelo clima favorável à produção agrícola e pecuária.
Contudo, com exceção das áreas de pastagens degradadas, a fronteira agrícola no Brasil não tem muito para onde crescer, por isso a única alternativa do agronegócio brasileiro para os próximos 36 anos, segundo o estudo, é o aumento da produtividade em todos os segmentos. No mundo, a pesquisa apontou um potencial para expansão da fronteira agrícola em 144 milhões de hectares.
Um dos segmentos que registrará uma tendência de crescimento em produtividade é a pecuária. De acordo com o relatório, a média de ocupação da pecuária extensiva deve chegar a 2,21 cabeças por hectare (ha) no Brasil em 2050, contra 1,01 cabeça/ha registrada atualmente. Mesmo com esse aumento de ocupação, especialistas do setor afirmam que a pecuária brasileira continuará extensiva, modelo considerado pelo estudo ecologicamente e economicamente inviável.
Avicultura e suinocultura, dois setores de grande destaque do agronegócio brasileiro, também precisão elevar seus índices de produção para atender à crescente demanda. Em 2013, por exemplo, o rebanho de aves fechou o ano em 970,23 milhões de cabeças. Para 2050, o número tende a chegar a 2,28 bilhões de unidades. No caso da suinocultura, o rebanho deve chegar a 64,67 milhões, contra 41,92 milhões registrados no ano passado.
Para dar conta não só da alimentação desses animais, mas também da demanda da população, a área de grãos também terá que aumentar. Segundo a projeção da EPE, a área plantada com soja deverá chegar a 54,22 milhões de hectares em 2050 e a produção em 241,7 milhões de toneladas. Em 2013, a área destinada para a oleaginosa chegou a 28,86 milhões de hectares e a produção fechou o período com um total de 80,24 milhões de toneladas. Para o milho, a tendência é de que o grão ocupe, em 2050, 22,52 milhões de hectares, contra 15,67 milhões de hectares semeados no ano passado. Em 2050, o País deverá produzir 211,2 milhões de toneladas do grão. Em 2013, foram produzidas 78,78 milhões de toneladas de milho.
No trigo, a área a ser ocupada pelo cereal deve chegar, em 2050, a 3,03 milhões de hectares, contra 2,08 milhões registrados em 2013. Em produção, em 2050 o Brasil deverá produzir 17,51 milhões de toneladas de trigo, contra 6,01 milhões de toneladas do cereal contabilizados no ano passado. Na cana-de-açúcar, a área ocupada tende a chegar a 12,92 milhões de hectares, contra os atuais 8,89 milhões de hectares.
Luiz Antônio Pinazza, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), afirma que para que a meta de 2050 seja atingida, uma série de ações devem ser tomadas. A primeira delas é aumentar a competitividade do setor por meio de políticas públicas de incentivo ao agronegócio brasileiro. Segurança de mercado e jurídica, desenvolvimento sustentável, transferência de tecnologia e construção de organizações de planejamento são algumas das premissas para atingir tal objetivo de elevar a competitividade do setor.
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