A situação dos pomares de laranja nas regiões de Londrina e de Cornélio Procópio acendeu um sinal de alerta quanto ao ataque do greening ou HBL (Huanglongbing), a praga mais severa que atinge a citricultura paranaense. Foi o que indicou um balanço com os resultados preliminares da Operação Big Citros realizada, entre os dias 12 e 15 de maio, pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

Segundo a engenheira agrônoma Caroline Garbuio, fiscal da Defesa Agropecuária do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, em todos os pomares comerciais visitados pelos fiscais da operação foram identificadas plantas contaminadas pelo greening.

Em Londrina, a operação foi realizada na segunda-feira (12), quando os técnicos do órgão visitaram 25 propriedades com pomares comerciais. Garbuio explica que, além da fiscalização feita para checar o manejo da praga e o seu controle, a Adapar também contou com uma equipe de fiscais para fazer o cadastramento de propriedades com pomares comerciais de laranja que ainda não estavam no sistema de defesa fitossanitária do Estado.

“Em praticamente 100% de todas as propriedades visitadas em Londrina pelas equipes, a doença está presente”, afirma.

Já na região de Cornélio Procópio, a Operação Big Citros foi realizada entre os dias 13 e 15 de maio, quando as equipes da Adapar fiscalizaram 176 pomares comerciais de diversos municípios da região e também a área urbana dessas localidades que estão próximas de propriedades produtoras de laranja.

“Em Uraí, por exemplo, onde se concentra a maior parte dos pomares comerciais da região, encontramos plantas isoladas contaminadas em quintais a menos de 250 metros das lavouras de citros”, observa. Só em Uraí a força-tarefa teve mais de 200 pontos na área urbana com plantas que devem ser eliminadas. “A fiscalização também destruiu 40 mudas cítricas que foram flagradas sendo vendidas em um caminhão, o que é proibido. Eram mudas sem origem e de variedades suscetíveis ao cancro cítrico. O vendedor também foi autuado”, afirma.

A engenheira agrônoma explica que a operação também focou na área urbana (quintais, pequenos pomares em chácaras e até em vias públicas), pois aquelas que estão num raio de até quatro quilômetros de um pomar comercial precisam ser erradicadas, estejam elas contaminadas ou não. “Todas as plantas cítricas (laranja, limão, tangerina etc) e a Murta (Murraya paniculatta), utilizada como planta ornamental, precisam ser eliminadas, pois são hospedeiras do psílideo, inseto vetor da bactéria que provoca o greening”, comenta. Em Londrina, observa ela, a fiscalização não foi realizada na zona urbana por falta de pessoal.

Garbuio afirma que as equipes da Adapar identificaram nas regiões de Londrina e de Cornélio Procópio um avanço do greening maior do que o encontrado na região de Paranavaí, onde se concentra a maior produção comercial de laranja do Paraná.

“Muitos produtores da Região Norte (Londrina e Cornélio Procópio) não estão fazendo o manejo adequado do psilídeo. Não estão apresentando o plano em que deve constar como é feita a inspeção do pomar, o monitoramento por meio das armadilhas adesivas e o envio dos dois relatórios anuais para a gente. Enfim, não estão seguindo as determinações do Ministério da Agricultura”, comenta.

A agrônoma afirma que os produtores foram notificados e agora têm 20 dias para regularizar a situação, que inclui a erradicação de plantas com até oito anos de idade que tenham o sintoma do greening. Após esse prazo, as equipes vão retornar aos locais visitados para fiscalizar se as medidas recomendadas foram adotadas. “Caso não houver esse entendimento que é preciso fazer o manejo recomendado, cabe um auto de infração”, afirma.

Em Londrina, a produtora de laranjas Denise Otaguiri diz que recebeu a equipe da Adapar e precisou apresentar notas fiscais e receituários da compra de defensivos para comprovar o combate ao greening. “Também pediram para erradicar plantas atacadas pela doença nos pomares com menos de oito anos. Já erradicamos muitos pés de laranja e dezembro passado, mais iremos erradicar as plantas sintomáticas do HBL, atendendo a orientação da equipe”, afirma.

Otaguiri cultiva laranjas desde 2007 e avalia positivamente a operação realizada pela Adapar. “Mas além dos pomares comerciais, é importante que se proíba a venda de mudas cítricas para quem cultiva em pequenos pomares em sítios, chácaras e quintais, pois nesses locais não se faz a pulverização de defensivos, e isso faz com que o greening se propague, e até outras doenças”, alerta.

A agricultora afirma que o custo para o combate à doença é muito alto. “Nos pomares comerciais com menos de oito anos, a pulverização de defensivos contra a doença é semanal, acima dessa idade, a cada 14 dias, mas como a proliferação do Greening, temos aplicado a cada 10 dias. E só neste ano erradicamos 5 mil pés de laranja contaminados”, diz. Ela defende ainda uma maior atuação da prefeitura no combate à doença eliminando plantas contaminadas e, principalmente a murta, na área urbana.

A propriedade de Otaguiri tem 27 alqueires com 40 mil pés de laranja. Segundo ela, ante do surgimento do greening, seus pomares produziam 166 mil caixas de laranja, e no ano passado, aliado ao problema da seca, a produção ficou em 83,5 mil caixas da fruta.

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