Imagem ilustrativa da imagem O paradoxo das sementes
| Foto: Saulo Ohara



Os primeiros passos no plantio de soja já foram dados no Estado e, em mais uma safra, o produtor vai encarar as maiores adversidades - principalmente climáticas - na busca de uma melhor produtividade. Neste contexto, pensar em sementes de baixa qualidade é um atentado contra os bons resultados esperados na lavoura, e isso não se aplica apenas nas áreas da oleaginosa. A semente é mais do que um insumo, é a matéria-prima fundamental de todo um processo produtivo complexo e de alto investimento. O produtor não pode vacilar nessa escolha.

Entretanto, é engraçado como ele ainda se comporta de forma, digamos, esquizofrênica sobre o assunto. Se de um lado ele sabe a importância de buscar uma semente com os pilares agronômicos ideais para ter eficiência no campo, sendo o principal deles a qualidade fisiológica da matéria-prima (veja mais no texto ao lado), por outro a pirataria de sementes se mostra cada vez mais forte no Paraná e no Brasil, com diversas entidades combatendo de forma veemente essa atividade ilegal.

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Números divulgados pela Abrass (Associação Brasileira dos Produtores de Semente de Soja) - que conta com 65 empresas e representa 60% da produção de sementes do País - são alarmantes. A cadeia de soja ainda tem perdas relacionadas à pirataria desse material na casa dos R$ 2 bilhões ao ano no País. Um cenário que representa 30% da safra brasileira, e no Paraná, por ser um grande produtor, inclusive de sementes, o percentual médio de irregularidades também está nessa casa.

A Folha Rural traz esta semana todos os benefícios de apostar em sementes de boa qualidade e, do outro lado da moeda, os prejuízos de se usar tecnologias piratas e duvidosas. Se de uma lado, apenas o fato de escolher bons materiais pode trazer ganhos de produtividade na casa dos 10%, com a pirataria os riscos fitossanitários são enormes, inclusive com a disseminação de pragas e doenças. "Os riscos fitossanitários são altos. A falta de comprovação de pureza é uma característica do mercado ilegal, comprar sementes sem conhecer a procedência é um risco que o produtor corre e que pode resultar em uma cultivar diferente da que lhe foi vendida", relata o secretário executivo da Abrass, Leonardo Machado."

O pesquisador da Embrapa Soja, Francisco Carlos Krzyzanowski, salienta que a além dos prejuízos agronômicos, pirataria não contribui com o recolhimento de royalties e o avanço de investimento em novas tecnologias. "A semente pirata não dá garantia que os pilares agronômicos serão assegurados. Ao médio longo prazo, isso prejudica o programa de melhoramento genético do criador da variedade, como acontece inclusive na própria Embrapa. Sem o retorno do que é investido, a empresa pode deixar de produzir o material. Posteriormente, o produtor só ficará com essas variedades (não certificadas) disponíveis , acontece a mistura entre as próprias sementes, e ele vai ficar com um produto de qualidade ruim."

Por fim, o prejuízo com o sistema agrícola é evidente. "Ao longo do tempo, a semente pirata perde fatores importantes como a resistência a doenças, a característica de se adequar ao ciclos e gera um prejuízo enorme para a agricultura nacional."

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