O Brasil nunca teve destaque no comércio internacional. Pelo seu tamanho e potencial, poderia ter mais protagonismo no fluxo de mercadorias que transitam entre as nações, exportando e importando mais. Porém, sua participação nas transações comerciais globais é pequena: 1,16% em Fev. 2019 (OMC), com US$ 240 bilhões exportados, ocupando a 27º posição entre os exportadores mundiais. Dentre os oito produtos mais valorizados exportados pelo Brasil, cinco têm origem no agro: soja em grão, carne de frango, farelo de soja, carne bovina e grão de café.

Embora modestas, as exportações brasileiras evoluíram e estão mais diversificadas em relação ao passado. Para se ter uma noção deste cenário, no início do século XX, 70% das exportações brasileiras restringiam-se a um único produto: o café.

Atualmente, o café ocupa a 7ª posição entre os produtos mais exportados pelo Brasil, participando com meros 2.1% do total comercializado com o exterior, ressaltando que suas exportações pouco evoluíram no período 2008-2018, tanto em quantidade (1.7 Mt para 1.9 Mt), quanto em valor (US$ 4.8 para US$ 5.0 - MAPA). A queda de protagonismo do café deveu-se, sobretudo, ao crescimento espetacular de outros produtos agrícolas como a soja, as carnes e a celulose, que alçaram o Brasil ao posto de 3º maior produtor e exportador global de produtos agrícolas.

O Brasil ainda é anão no comércio global, pois concentra suas exportações em produtos de baixa tecnologia (commodities agrícolas e minerais, principalmente), com pouco valor agregado. Com isso, caracteriza-se como uma nação “Em Desenvolvimento”, distante, ainda, do almejado “Primeiro Mundo”.

Apesar de a participação brasileira no comércio global ser pequena, as exportações do agronegócio são substanciais, tendo gerado mais de US$ 1,0 trilhão de superávit no período 2001 a 2019, valor muito superior ao superávit comercial do próprio Brasil, indicando que os demais setores da economia, quando agrupados, possuem um saldo comercial negativo. O referido déficit costuma ser tão significativo que, em 2014, o vultoso superávit do agronegócio (US$ 80 bilhões) não foi suficiente para tapar o buraco e a balança comercial brasileira foi negativa em US$ 3,96 bilhões.

As causas do reduzido protagonismo brasileiro nas transações comerciais internacionais são muitas e as soluções não são simples. Algumas dependem de nós mesmos, outras não. Dentre as causas que independem do esforço brasileiro para exportar mais estão as barreiras tarifárias e as não tarifárias que os parceiros impõem ao Brasil.

Dentre os gargalos solucionáveis por ações do governo brasileiro está o custo Brasil: baixa eficiência da mão de obra, excesso de burocracia, alta carga de impostos e infraestrutura deficiente em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Além disso, a inexistência de um programa de desenvolvimento da indústria nacional, com foco na agregação de valor, e a falta de uma política de expansão das negociações internacionais, também contribuem para a pífia participação do Brasil no mercado internacional.

Nosso Presidente retornou de uma longa viagem ao exterior, visitando alguns dos nossos principais parceiros comerciais. A expectativa da sociedade é que estas iniciativas gerem algum avanço positivo para as exportações de diversos setores da economia brasileira, incluindo o agronegócio. A agricultura nacional se orgulha do papel que desempenha na promoção do bem estar dos brasileiros, merecendo respeito e admiração da sociedade local e, também, da comunidade internacional.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja