Resiliência, flexibilidade e agilidade; pensamento analítico; novas tecnologias; habilidades em negócios e curiosidade e life long learning (aprendizado ao longo da vida). Essas são habilidades que os empresários e trabalhadores do setor do agronegócio do futuro devem desenvolver para superar os desafios da profissão, enumerados durante o webinar "Agro do Futuro", promovido pelo Centro Universitário Integrado.

O evento on-line teve as participações de Rafael Zampar, diretor de negócios da instituição, e de Felipe Treitinger, CEO e fundador da escola de negócios e carreira Cumbre Agro.

RESILIÊNCIA

Treitinger lembra que o agronegócio é uma indústria a céu aberto, com variáveis incontroláveis, como o clima e o valor das commodities, por exemplo. “As mudanças climáticas e outras variáveis estão mais evidentes nos últimos anos. Se o profissional não for resiliente, será muito difícil se manter no mercado.”

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Ele acrescenta que é preciso ter flexibilidade durante o trabalho para se adaptar e, com isso, alcançar os objetivos para se perpetuar no mercado. “Isso deve ser feito com agilidade porque obviamente todo produtor ou empresa tem o seu objetivo financeiro, precisa faturar para sobreviver.”

Imagem ilustrativa da imagem O agro mudou. O perfil do novo agricultor também
| Foto: iStock

Zampar ressalta que habilidades e competências não são inatas, sendo desenvolvidas ao longo da vida. “Na nossa instituição a gente tenta trabalhar de alguma forma que as habilidades sejam desenvolvidas na sua plenitude, trazendo disciplinas que trazem as soft skills, habilidades mais comportamentais.”

PENSAMENTO ANALÍTICO

Hoje é inegável que o produtor rural possui à disposição muito mais dados em comparação a décadas atrás. Diante desse contexto, o CEO da Cumbre Agro afirma ser essencial ter pensamento analítico para entender o que é relevante dentro de um conjunto de dados muito extenso.

“Esses dados precisam virar informação, insight, tomada de decisão para o produtor rural, para a empresa, para o mercado. E não adianta ter dados se não houver pessoas capacitadas para analisá-los. A partir dessa análise, devem ser geradas informações que provocam insights de tomada de decisão. O pensamento analítico é uma skill muito escassa hoje”, pontua.

NOVAS TECNOLOGIAS

As novas tecnologias são apontadas como uma das habilidades para se destacar no agro, mas não bastam. Ao falar do tema, invariavelmente vêm à cabeça conceitos como IoT (internet das coisas), inteligência artificial, machine learning, automatização de processos e de maquinários.

“Não olhem para as tecnologias achando que elas vão tirar o nosso emprego. Elas vão substituir o profissional mediano. Mas a pessoa que tem senso crítico, que entende a tecnologia como meio e a usa para agregar valor, com certeza terá um futuro brilhante usando novas tecnologias”, destaca Treitinger.

NEGÓCIOS

Quando se fala de habilidades em negócios, o termo não inclui somente as vendas propriamente ditas. “Você está se vendendo a todo instante. Entendendo de negócios, você começa a fazer umas conexões que não fazia ideia”, pontua o CEO.

Ele considera que quem entende de negócios tem uma vantagem competitiva gigantesca no mercado porque é uma habilidade não muito presente no ensino tradicional do agro.

“O conhecimento inclui vendas, negociação, oratória, aprender a ouvir e internalizar isso. Uma soft skill importante é ouvir para absorver aquilo e trabalhar isso na sua mente para evoluir como pessoa. Muitas pessoas, no entanto, só escutam para responder.”

CURIOSIDADE

Como o conhecimento vem ficando defasado e obsoleto cada vez mais rápido, Treitinger considera a curiosidade e o life long learning como a principal habilidade para se destacar no agronegócio.

“Tenho curiosidade de aprender e de sempre buscar coisas novas. E tentar muitas vezes não só através de livros, mas através de pessoas, conhecendo, escutando gente com mais experiência em educação que eu, pessoas que não têm experiência em educação. Todas as opiniões e concepções são válidas”, pontua.

Treitinger considera que, quando estamos falando, não aprendemos. “É você perguntar de fato por interesse genuíno. ‘Você é um CEO de uma grande empresa. Como você chegou lá? Me explica como você pensa, como você age, como você reage à informação que chega a você?’”, conclui.