Nova portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária estabelece três datas distintas para o vazio sanitário da soja no Paraná referentes à safra 2024/25. Até então, o território paranaense tinha uma data única que abrangia todas as regiões do estado.

O vazio sanitário é o período contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não é permitido plantar e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento na área determinada.

Segundo o Ministério da Agricultura, essa medida fitossanitária é uma das mais importantes para o controle da ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O Paraná é o estado com mais focos da praga no país.

O ministério afirma que, para a definição das datas, considerou as condições climáticas e as sugestões encaminhadas pelas entidades representativas da agropecuária nos estados.

ETAPAS POR REGIÕES

Na Região 1, onde estão os municípios do sul, leste, Campos Gerais e do litoral paranaense, não é permitida nenhuma planta de soja no solo entre os dias 21 de junho e 19 de setembro. A semeadura poderá ser feita de 20 de setembro de 2024 a 18 de janeiro de 2025.

A Região 2, que compreende a maioria dos municípios, particularmente os localizados no Norte, Noroeste, Centro-Oeste e Oeste, tem o vazio sanitário iniciado mais cedo.

Esse período começa em 2 de junho e se estende até 31 de agosto. Para esses municípios, o plantio da soja está liberado a partir de 1.º de setembro de 2024 e termina em 30 de dezembro.

O operador de máquinas agrícolas Florisvaldo de Oliveira seguirá o calendário da Região 2, já que trabalha em propriedades que cultivam soja em quatro municípios do noroeste paranaense – Ângulo, Iguaraçu, Maringá e Mandaguaçu.

O profissional coordena hoje uma área de quase 500 hectares de terras com a cultura. Lidando com a soja há mais de 30 anos, Florisvaldo pontua que sempre praticou o vazio sanitário para prevenir o aparecimento de pragas.

“Erradicamos o resto da lavoura e sempre praticamos esse vazio. Nunca tivemos problemas com ferrugem. Além de praticar o vazio sanitário, sempre fazemos o monitoramento de pragas e doenças de maneira preventiva”, pontua.

Por fim, segundo a nova portaria do Ministério da Agricultura, a Região 3 abrange os municípios do sudoeste do estado, com o vazio sanitário determinado para iniciar em 22 de junho e terminar em 20 de setembro. A data de plantio foi definida entre 21 de setembro e 19 de janeiro de 2025. O vazio sanitário da soja foi adotado oficialmente no Paraná a partir de 2007.

FISCALIZAÇÃO

A fiscalização do vazio sanitário fica a cargo da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).

O gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Rezende Young Blood, destaca a importância de todos os agricultores adotarem esse cuidado em suas propriedades.

“A prática do vazio sanitário da soja beneficia o agricultor, que terá essa doença cada vez mais tarde necessitando menos aplicações de fungicidas, além de auxiliar na manutenção da eficácia desses produtos para o controle da ferrugem”, pontua.

A íntegra da portaria do Ministério da Agricultura (publicada em 15/05/2024) pode ser acessada pelo seguinte link: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-sda/mapa-n-1.111-de-13-de-maio-de-2024-559846804

NO TOPO

O Paraná é o estado brasileiro que mais sofre com a ferrugem asiática no país. Segundo o Consórcio Antiferrugem, na safra 2023/24 foram registradas 128 ocorrências da praga em plantas localizadas em território paranaense. Em segundo lugar no ranking está o Rio Grande do Sul, com 110 casos.

O levantamento mostra que os focos registrados no Paraná representaram quase 40% dos focos registrados em todo o Brasil no período.

O fungo que causa a ferrugem asiática é biotrófico. Isso significa que ele precisa de um hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar, ou seja, a planta viva. Ao eliminar as plantas de soja na entressafra, portanto, quebra-se o ciclo do fungo.