Nova leguminosa para pastejo
PUBLICAÇÃO
sábado, 29 de janeiro de 2000
Cristina Côrtes
De Londrina
Uma mistura do Estylosanthes capitata e Estylosanthes macrocephala resultou numa nova variedade de leguminosa que há três anos está sendo testada pela Embrapa Gado de Corte, apresentando excelentes resultados em solos arenosos. Sem nome ainda definido, a planta vem sendo chamada de Multilinha, e será lançada em setembro.
Os pesquisadores estão organizando um dia-de-campo para mostrar a novidade que está sendo testada na Fazenda Agropecuária Ribeirão, no município de Chapadão do Sul (MS). O dia-de-campo vai ser realizado no dia 28 de abril. Segundo o pesquisador Leônidas da Costa Valle, os testes estão sendo feitos em consorciação com Brachiaria decumbens, com o objetivo de proporcionar aumento da produtividade de carne a um custo mais baixo.
VantagensComo a maioria das pastagens degradadas no Brasil estão localizadas em solos arenosos, fizemos nosso experimento neste tipo de solo e observamos uma ótima persistência da planta, comenta Leônidas.
Ao contrário de outros consórcios em que a leguminosa é abafada pela gramínea, na área cultivada com a nova variedade os pesquisadores observaram que cada vez aumenta mais a população de leguminosa. Na nossa última visita, na semana passada, notamos plantas em diversos estágios, o que demonstra a capacidade de persistência desta planta, destaca.
Uma das principais vantagens da nova leguminosa é sua resistência a doença antracnose, de ocorrência comum em leguminosas, sendo responsável pela morte das plantas. Os dois estylosanthes são resistentes a doença, e a leguminosa resultante da mistura dos dois tem proporcionado um desenvolvimento sadio das plantas, explica. O experimento está sendo conduzido numa área de 48 ha, da Fazenda Agropecuária Ribeirão, no município de Chapadão do Sul (MS), e segundo o pesquisador os produtores estão bastante animados com os resultados.
Ganhos de carnePara estudar a novidade em situações reais, a pesquisa está sendo conduzida numa área com sistema contínuo de pastejo com a presença de animais. Escolhemos este tipo de manejo, porque ele é o mais praticado pelos produtores em quase todo o Brasil, diz Leônidas. E a brachiaria também foi escolhida para a introdução da leguminosa, porque também é a situação mais comum. Para efeito de estudos foram desenvolvidos três tipos de tratamento com animais por hectare (ha): com 0,6 unidade de animal/ha; com 1 animal/ha e com 1,4 animal/ha.
O melhor resultado alcançado no experimento de consorciação brachiaria/multilinha foi na lotação de 1,4 u.a por ha, apresentando um rendimento de 401 kg.ha de carne. Este rendimento é execelente, considerando as condições da pastagens, do solo e tipo de condução, comenta Leônides.
O ganho por animal/dia foi de 542 gramas, média de dois anos observada tanto no período das águas quanto no período da seca.
A leguminosa multilinha será lançada pela Embrapa Gado de Corte em setembro, quando deverão estar disponíveis sementes da nova variedade para os produtores interessados. Quem quiser conhecer de perto as vantagens e características da multilinha pode se programar para participar do dia-de-campo que será realizado no dia 28 de abril. Mais informações pelo telefone (67) 768-2000, na Embrapa Gado de Corte.