Olhar na estação climática,extensão da fazenda, custo da matéria-prima para suplementação e estratégias de comercialização dos animais. Fatores que precisam ser analisados antes do produtor pensar em fazer uma desmama precoce aqui no Estado. Para o diretor da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Luigi Carrer, apesar do grande respaldo técnico dado pelas Embrapas do Mato Grosso do Sul, a técnica está bem distante da forma de trabalho do pecuarista paranaense.

O primeiro ponto que chama a atenção dele é o gasto incrementado com os bezerros com a desmama antecipada. Essas conta ligada aos custos da ração precisa ser feita. "Os preços da matéria-prima podem ser bem diferentes. Aqui no Estado, não tenho encontrado com frequência a desmama precoce. Adotamos aqui uma tecnologia, que a partir do momento que a vaca pariu, o protocolo de IATF acontece após 30 dias. Com 45 dias após o parto ela já está prenha novamente e não perde o escore corporal."

Hoje, nas condições de IATF do Estado, a maior parte das vacas zebuínas (nelore) são inseminadas com angus, o que gera um bezerro (F1) de qualidade e precoce. O pecuarista então consegue vender esse produto, segundo Carrer, a R$ 6,50 o quilo do macho e R$ 5,70 da fêmea. "O criador portanto, tem interesse em vender esse bezerro com 250 quilos, mais pesado, e por isso faz a desmama com 7 a 8 meses. Quem não vende, já joga no confinamento para negociar com 17 meses, ou seja, já vai suplementar pós-desmama. Por isso, fica caro nesses casos fazer a desmama precoce."

Outra característica da pecuária paranaense está na ligação do produtor às cooperativas de carne. Eles acabam se adequando as exigências das cooperativas, com remuneração melhor sobre o produto final. "O produtor precisa definir bem o que vai fazer: ciclo completo, vender bezerro, só engorda, e se profissionalizar nessa opção que escolheu. As terras aqui são muito caras e a adoção de tecnologia é essencial."

Por fim, Carrer diz que os produtores estão cada vez mais buscando conhecimento e capacitação. "Na ExpoLondrina, sou responsável técnico pelas palestras e vejo que ano após ano os pecuaristas estão cada vez mais buscando a participação em busca de um tripé: aumento de produtividade, rentabilidade e capacitação da mão de obra." (V.L.)