Ricardo Kanji Amano, agricultor em Cambé e Ventania. Mariluce Teixeira de Anchieta, agricultora em Astorga. O ofício de trabalhar com a terra é somente um ponto em comum entre ambos. No dia a dia no campo, eles demonstram outros fatores comuns que os colocam como profissionais bem-sucedidos na profissão, como o uso de novas tecnologias, o pensamento analítico e habilidades comportamentais como a resiliência – apontadas como características fundamentais para o profissional do agro por

Rafael Zampar, diretor de negócios do Centro Universitário Integrado e de Felipe Treitinger, CEO e fundador da escola de negócios e carreira Cumbre Agro.

Ricardo Kanji Amano cultiva soja, milho, trigo, aveia preta e mix de sementes nas suas propriedades. A inovação começa no uso de cultivares de soja e milho com tolerância a certos insetos, o que reduz drasticamente o uso de inseticidas.

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“Fazemos o MIP (manejo integrado de pragas e doenças) para usarmos defensivos somente se necessário. Estamos conciliando produtos biológicos junto com os químicos para trabalhar com maior eficiência e menor dano à natureza”, pontua.

A agricultora Mariluce Teixeira de Anchieta destaca o pensamento analítico como importante ferramenta antes das tomadas de  decisões
A agricultora Mariluce Teixeira de Anchieta destaca o pensamento analítico como importante ferramenta antes das tomadas de decisões | Foto: Arquivo pessoal

O agricultor utiliza mix de sementes para cobertura do solo no inverno, adicionando bactérias e fungos benéficos para ativar e melhorar a estrutura física e biológica do terreno.

“Manejando essas plantas no inverno, diminuímos pelo menos uma aplicação de herbicida. Além de aumentar a matéria orgânica, ela fornece nitrogênio e recicla outros nutrientes, deixando o solo disponível para a safra seguinte (safra de verão)”, explica.

INVESTIMENTOS

Além do manejo adequado, Amano cita os investimentos em novos maquinários.

“Recentemente investimos em máquinas novas (colheitadeira, trator, plantadeira e rolo-faca) para agilizar o trabalho, fazendo mais e melhor. Isso vem gerando maior economia de combustível, menor custo em manutenção, maior qualidade no serviço e maior produção”, enumera.

Sem ser menos importante que a questão do manejo e do maquinário, Amano destaca a parte comportamental, como a resiliência.

“Mesmo após uma frustração de safra por motivos climáticos ou econômicos, ou por qual seja o motivo, nunca perdemos a esperança, sempre acreditando que a próxima safra vai ser melhor.”

Ricardo Amano se considera um profissional curioso e procura estar sempre atento às novidades do mercado quando se fala em tecnologia e manejo. “Procuro saber como outras pessoas trabalham para que eu possa aprender coisas novas ou melhorar o que já sabemos.”

Um dado curioso é que o agricultor tem formação acadêmica em engenharia elétrica, mas o histórico familiar na lavoura o levou para o campo.

“Minha mãe disse que trabalhar na roça é muito preocupante, incerto e desafiador, pois dependemos de fatores que não podemos influenciar, como o tempo. Mas o que está no sangue não muda, hoje sinto orgulho em dizer que sou agricultor”, pontua.

Hoje o que Amano sabe sobre agricultura aprendeu no decorrer da vida, sempre com o pai ao lado e indo a eventos, palestras, tirando dúvidas com agrônomos e pesquisando na internet.

Toda a produção é entregue à Cooperativa Integrada. “Com isso temos a certeza que a nossa produção estará segura, uma vez que boa parte da nossa produção é destinada à produção de sementes da própria cooperativa.”

Para Amano, trabalhar com uma cooperativa renomada é ter a certeza de que a produção será estocada e comercializada da melhor forma possível.

“É certeza de que o valor do produto comercializado vai ser depositado em nossas contas sem nenhuma sombra de dúvidas. E ainda temos as sobras (porcentagem do lucro proporcional ao movimento de cada cooperado no final do ano, que é um recurso extra para os cooperados”, conclui.

ANÁLISE

A agricultora Mariluce Teixeira de Anchieta considera que o pensamento analítico antes de tomar qualquer decisão é uma das ações que garante sucesso no negócio.

“É preciso também estar sempre se atualizando com as novas tecnologias, viabilizando assim uma maior habilidade em negócios. Esse comportamento traz uma gama de conhecimentos em âmbito geral que se traduz em um suporte para a vida toda”, pontua.

Na propriedade em Astorga, Mariluce Anchieta trabalha com as culturas de soja, milho, sorgo, trigo e aveia. A administração da propriedade se dá em parceria com o sogro.

“As tecnologias que utilizamos são GPS no plantio e na pulverização, análises de solo por talhões, tecnologias de aplicação de defensivos, adubação de ponta e sementes certificadas, entre outras ferramentas de gestão”, enumera.

O investimento é contínuo na melhoria de equipamentos. Além disso, são adotadas técnicas de desenvolvimento do trabalho para incrementar o cultivo das lavouras focando sempre na produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.

O aprendizado ao longo da vida é um dos pilares. “O Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural] foi muito importante para o nosso desenvolvimento dentro e fora da propriedade. Realizamos cursos e capacitamos funcionários para trabalhar de forma mais assertiva.”

A produção é destinada à Cocamar. “É muito importante trabalhar junto a uma cooperativa, pois é uma empresa que nos dá suporte técnico e comercial para a implantação, a condução das lavouras e a comercialização de grãos”, conclui Mariluce Anchieta .