Na sacada do apartamento, Thaís e Filipe Carvalho cuidam de um pé de tomate cereja e uma variedade de temperos
Na sacada do apartamento, Thaís e Filipe Carvalho cuidam de um pé de tomate cereja e uma variedade de temperos | Foto: Saulo Ohara

A reportagem da FOLHA foi conversar com os produtores familiares “urbanos”, pessoas comuns, que têm interessante em produzir suas próprias hortaliças e temperos para consumo – mais do que isso – têm prazer no manejo da terra e cuidados com as plantas.

O produtor cultural, João Vitor Viana Ribeiro, tem uma relação afetiva com a horta. Desde pequeno, quando morava no interior de São Paulo, já cuidava das plantas junto com a mãe. A preferência era pelo tomate cereja, manjericão, hortelã e plantas para chá. “Em 2012, quando fui para o interior do Rio de Janeiro fazer faculdade levei comigo esse hábito das hortas. Por onde passei, cultivei hortas com diferentes pessoas, que inclusive me passavam técnicas diferentes. Virou um lazer e uma terapia.”

Ao se mudar para Londrina com sua companheira, Tamires Eusébio de Souza, voltou a cultivar no quintal de sua casa, no bairro Vivendas do Arvoredo. Agora, em outro patamar, afinal, ela é vegetariana. Além dos tradicionais temperos como manjericão e hortelã, entraram na horta as famigeradas Pancs (plantas alimentícias não convencionais), como o peixinho, folha muito consumida empanada e frita por lembrar o gosto do lambari. “Nós desejamos ter um acesso ao alimento de forma mais natural e por isso trazemos o consumo para dentro de casa. A ora-pro-nóbis por exemplo é rica em proteínas e ótima para uma dieta vegetariana, desde um omelete pela manhã até uma salada na hora do almoço.”

Em relação ao manejo, João Vitor dá a dica para aos navegantes de primeira viagem. “É preciso agrupar as plantas de acordo com as características de cada uma. Não pode plantá-las de forma aleatória. Algumas gostam de terra mais argilosa outras mais sol ou sombra. Tem que tratá-las de forma diferente (no canteiro).”

Outra dificuldade que teve em Londrina foi com as formigas cortadeiras. “Sempre vamos atrás de uma opção que não seja o agrotóxico. No meu caso, foi a calda de fumo, que ajudou bastante a espantá-las, além de outros inimigos naturais. Na minha opinião, a horta envolve mais do que apenas colher o resultado final, mas sim enfrentar todo o processo e desenvolvimento da planta. É uma ideia, um desejo, que você coloca em prática com todos os desafios que isso envolve.”

Em um espaço um pouco menor – um vaso na sacada do apartamento– o casal Filipe e Thaís Carvalho também cuidam de um pé de tomate cereja e uma variedade de temperos. Casados há seis meses, o engenheiro agrônomo trouxe para o novo lar as plantas que já fazem parte da sua vida, e a esposa arquiteta comprou rapidamente a ideia. “Estamos em casa e precisamos de um tempero, basta ir na sacada e pegar. É muito prático. Sem contar que quando temos visita aqui, todos percebem o cheiro quando a gente colhe”, salientam.

Moradores da região Sul da cidade, Filipe e Thaís relatam que o maior desafio do manejo em pequeno espaço tem sido o sol. “É preciso movimentar o vaso para evitar o excesso de luminosidade. Em relação às pragas, praticamente não existem e adubação também não precisa ser frequente.”

Imagem ilustrativa da imagem <span style="color: rgb(0, 0, 0);">Não importa o tamanho do espaço: é possível!</span>