A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), assinou nesta terça-feira (15) a instrução normativa que autoriza a suspensão da vacinação contra a febre aftosa no Paraná.

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. | Foto: Rodrigo Felix Leal/AEN

A medida foi oficializada no Palácio Iguaçu, em solenidade com a presença do governador Ratinho Junior (PSD), autoridades e representantes do agronegócio do estado.

Com a medida, bovinos e bubalinos deixam de ser vacinados no Paraná a partir de novembro e a entrada de animais vacinados no estado fica proibida a partir de 1.º de janeiro de 2020.

Após o cumprimento de medidas como a contratação de pessoal para a vigilância e a construção de um posto de fiscalização na divisa com São Paulo, previsto para acontecer até o final deste ano, o Paraná deverá ser reconhecido como área livre da febre aftosa sem vacinação pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Em seguida, o Brasil deverá pedir o reconhecimento internacional do status para o estado na OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), a ser oficializado em maio de 2021.

O Paraná integra o bloco 5 do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, cuja retirada da vacina está prevista para 2021 nos estados que ainda não têm status de livre da doença. O pedido de antecipação foi aprovado pela pasta ainda no ano passado.

“Sempre que você quer quebrar paradigmas, tem oposição. Mas houve convergência”, disse Tereza Cristina, sobre a antecipação da retirada da vacina de febre aftosa no Paraná.

“Temos outros passos a seguir, mas é um ótimo começo para quem não estava no primeiro bloco”, disse a ministra. “O Paraná, hoje, além de estar no primeiro bloco, é o primeiro a fazer a retirada da vacina”, afirmou.

Para Tereza Cristina, ainda é cedo para se prever impactos de mercado, mas o Paraná deverá obter resultados antes de estados que ainda não pediram a suspensão da vacinação — incluindo a inserção em mercados como a União Europeia.

“O Paraná passa para outro patamar assim que concretizar essa retirada. Os mercados de suínos e aves — principalmente suínos — buscam sempre Santa Catarina, pelo fato de o estado vizinho estar livre da febre aftosa sem vacinação já há mais de dez anos”, explicou. “O impacto é esse: atingir mercados muito mais exigentes”, disse.

TRÂNSITO


Não haverá mudança no trânsito de animais e produtos de origem animal até 31 de dezembro deste ano. A partir de 2020, contudo, as barreiras serão fechadas para bovinos e bubalinos vacinados — exceto para abate imediato em carga lacrada. O trânsito de animais para genética também fica proibido.

Perguntado sobre possíveis prejuízos para produtores que trazem animais de outros estados para engorda no Paraná, o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, disse à FOLHA que reconhece o “desconforto” que a medida pode causar, mas afirma que o Estado está se adequando a normas internacionais.

“Ela tem um propósito maior, que é o Estado do Paraná evoluir como potencial de produção, como visão de mercado”, disse.

Para Ortigara, o “estresse” poderia ter sido evitado se outros estados tivessem “a mesma organização” do Paraná.

“O Brasil está perdendo oportunidades no mundo. O Paraná, como tinha um grau de organização melhor, foi aquinhoado com essa decisão corajosa do Mapa, que nos coloca em condição de disputar fatias maiores do mercado mundial”, disse.

Na avaliação do secretário, a hipótese de aguardar os outros estados do bloco 5 que ainda não possuem o status de livre de febre aftosa sem vacinação seria ruim para a economia paranaense.

“A medida causa desconforto, mas pode provocar uma reação positiva na cadeia pecuária bovina no Paraná”, defendeu. “O que não dá é para ficar esperando, ninguém sabe por quanto tempo”, disse.