Imagem ilustrativa da imagem Meus anos na faculdade
| Foto: Marco Jacobsen

Curso Normal concluído e a formatura... Inesquecível !! Com direito a missa, bênção do anel, jantar dançante e a valsa dos formandos com os pais ou namorados.

E agora, pensar no vestibular. Queria fazer psicologia, um curso novo; mas meu pai disse: “ Você vai estudar pra ser professora de português. Toda escola tem essa matéria “. Ele era uma pessoa simples, não tinha estudo, nem terminara o primário, porém tinha sabedoria. Concordei e fui fazer um cursinho intensivo de um mês.

Na época, o vestibular tinha exames escrito e oral. Como a faculdade de Assis era extensão da USP, vieram alguns professores de São Paulo para ajudar. A movimentação no campus era enorme, principalmente no exame oral. Os candidatos aos cursos de letras iriam fazer provas de português e inglês. Quando chegou a minha vez, sentei-me em frente ao professor que, com um livro nas mãos, ia me fazendo perguntas de gramática e eu respondendo. Depois de algum tempo, deu por encerrada a prova oral.

Então, perguntei se ele não iria fazer perguntas sobre literatura. Tinha lido os dez livros de literatura brasileira e portuguesa. Ele sorriu e disse que eu podia escolher um e falar sobre ele. Não acreditei !!! Fiquei na dúvida: “ Vidas secas “, de Graciliano Ramos, ou “ O cortiço “ , de Aluísio de Azevedo. Decidi por este último livro e falei sobre o autor, escola literária, personagens, ambiente, enredo, tempo. Quando acabei, o professor me dispensou e fui fazer a prova de inglês. Depois de algum tempo, saiu o resultado: fora aprovada para o curso de Letras Neolatinas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis. Todos em casa ficaram felizes.

Era 1968, ano muito tumultuado. Muitas faculdades em greve, sem aulas. Havia um líder, estudante de história, marcava reuniões e passeatas. Eu não participava. Ficamos muito tempo sem aulas e ele dizia que todos seriam aprovados pelo governo, por decreto. Em 1969, minha família foi de mudança para Londrina, mas eu fiquei. Minha vida mudou muito; começaram as andanças.

Inicialmente fiquei morando com uma família amiga, depois, com uma prima dos meus pais. Nesta casa, três professores da USP faziam suas refeições quando vinham de São Paulo para lecionar na faculdade em Assis. Outro ano, conheci a Jô, estudante de história, de Manduri (SP); a Ocleide e a Maura, de psicologia, acho que eram de Arapongas. Alugamos uma casa, dividíamos o serviço e a convivência foi boa. Elas se formaram e a Matilde, de Álvares Machado, colega de classe, convidou-me para morar na república com ela e mais cinco meninas. Aceitei. Foi uma época difícil para minha família. Papai pagava a minha despesa mensal e, como não podia comprar livros, vivia na biblioteca estudando e fazendo trabalhos, passando longe da cantina.

Em 1971, eu me formei e a formatura foi simples, um juramento no anfiteatro da faculdade.

Idiméia de Castro, leitora da FOLHA