A chegada da primavera, mais que conceder o colorido das flores às paisagens, marca também o início do período de produção do bicho-da-seda, a sericicultura. No País a atividade, que começou a ser praticada no século 19, caracteriza-se como mais uma opção para a pequena propriedade, a agricultura familiar. Sai daqui atualmente, o melhor fio de seda do mundo. É este o assunto do Multi Agro que estreia neste domingo (07).

Em 2017 o Brasil produziu quase 3 toneladas de casulos de seda; o Estado foi responsável por 83% desse volume
Em 2017 o Brasil produziu quase 3 toneladas de casulos de seda; o Estado foi responsável por 83% desse volume | Foto: Shutterstock



Em Arapongas, a produtora Sônia Biazon Kawka tem na produção do bicho-da-seda a principal renda da propriedade, onde também cultiva soja e milho. A mão de obra é exclusivamente familiar, ela, o marido e os dois filhos.

Durante o programa, Kawka explica que a sericicultura envolve cinco fases. As lagartas vêm da chocadeira da empresa Bratac quando estão na segunda idade. Ela explica que depois disso eles "dormem, trocam de pele, acordam e a gente trata por 72 horas. Aí eles dormem de novo, por 24 ou 36 horas, dependendo da temperatura". Segundo Sônia, se estiver calor eles acordam em 24 horas, senão demoram um pouco mais.

Em seguida os bichos estão na quinta idade que é a fase de engorda para que eles possam subir nos bosques e fazer seus casulos. A boa alimentação dos animais nesse momento é fundamental para que a qualidade do fio da seda seja grande no final da produção. Os bichos se alimentam de folhas de amoreira que devem estar sempre frescas.

Na propriedade de Sônia mais de um alqueire de terra é destinado para a plantação de amoreiras das variedades miura, tailandesa e taiti. A primeira "tem uma folha repicada, então a gente dá quando os bichos são nenéns", explica a produtora. Depois é dada a taiti que faz com que o teor da seda seja bom. E na quinta idade, quando os animais querem fazer o casulo, deve-se voltar a dar a folha da miura porque a da variedade taiti é larga e eles acabam fazendo o casulo embaixo da própria planta.

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A produtora conta que eles ficam três dias casulando. Todo o processo desde a segunda idade até o casulo final leva 28 dias. Em um ano é possível fazer cerca de oito ciclos de produção. O Paraná é o maior produtor de seda no Brasil. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) das 2,99 toneladas produzidas no país em 2017, o Estado foi responsável por 83% dessa safra.

O preço mínimo pago por casulo, segundo a produtora, é de R$ 15,00. A qualidade do fio e o peso do casulo podem resultar em mais ganho, com o quilo do produto sendo negociado a até R$ 22,00. Além de ser uma atividade rentável, Kawka destaca a vantagem de poder trabalhar junto com a família.

Depois que os casulos estão prontos, eles são entregues à Bratac que cuida ainda da classificação do produto. A seda produzida no Paraná é exportada para diversos países. O Multi Agro vai ao ar no próximo domingo às 8h na Multi TV (canal 20 e 520 da NET) com reprises diárias.