É comum vermos nas grandes cidades, em especial junto a prédios residenciais e comerciais, zelosos funcionários, em geral uma vez por semana, lavando as calçadas para deixá-las limpas, higienizadas, brilhantes – a impressão é de que ficam até sem ‘‘bactérias’’, tendo em visto os produtos a base de ácidos, usados nestas limpezas.
  O que os síndicos em geral não sabem – aliás, eles podem ser responsabilizados por esta ação em nome de todos os condôminos – é que, ao usar produtos a base de ácidos para deixar suas calçadas limpinhas, estão cometendo um ato condenável, considerado um crime ambiental, podendo ser multados e levados ao Ministério Público por estarem prejudicando o meio ambiente.
  Quando a calçada é lavada com estes produtos e depois enxaguada com muita água, este líquido com Ph ácido corre inevitavelmente para o bueiro mais próximo e de lá para o rio. Quando este efluente ácido chega ao rio, ele altera o local próximo onde foi descartado, o Ph da água, o que é proibido pela legislação ambiental brasileira, prejudicando
a vida aquática e a flora local.
  Em nossas ações no dia a dia, repetimos o que fazíamos no passado, sem ter a noção das suas consequências para o meio ambiente. Agora que temos consciência dos danos ambientais, temos que mudar de atitude e não errar mais, mesmo que a calçada não fique livre das ‘‘bactérias’’ com aspecto de higienizada.
  Outro hábito que temos que erradicar de nosso dia a dia é o lavar calçadas com mangueiras, causando um enorme desperdício de água potável, líquido indispensável à vida humana, usado de forma perdulária por moradores e funcionários de condomínios. Nesse caso, deve ser incentivado o aproveitamento de água de reuso ou de água pluvial. O uso de mangueiras denota franco desperdício.
  Na Inglaterra, foi assinada uma lei proibindo rega de jardins com mangueiras. No sul e no sudeste daquele país, desde o último dia 4, há multa de R$ 3 mil para quem é flagrado regando seu jardim com mangueiras – medida criada para conter a seca que afeta a região. Estão mais do que certo, os ingleses.


Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. Sugestões de temas: [email protected].