Algumas lavouras do Paraná e São Paulo, em fase inicial de desenvolvimento (a fase da emergência), têm sido afetadas pelo tombamento de plantas, causado pelas altas temperaturas ou pelo excesso de umidade do solo. O problema está sendo estudado por pesquisadores das áreas de fitopatologia e ecofisiologia da Embrapa-Soja.
O pesquisador Álvaro Almeida, que percorreu diversas propriedades onde existe o problema, constatou tombamento causado por lesão no colo da planta ainda em fase inicial de crescimento. Ou seja, acontece um estrangulamento na haste, rente à linha do solo, que resulta no tombamento e na morte da soja. As raízes e a parte superior da planta continuam intactas, mas secam em seguida.
QueimadurasAlmeida explica que esse sintoma não é típico de doença. ‘‘O problema não é ligado a cultivares específicas ou à semente. E também não é doença. As lesões são causadas por queimaduras, provocadas pela alta temperatura do solo’’.
Segundo o pesquisador da área de ecofisiologia da Embrapa-Soja, José Renato Farias, o problema tem ocorrido com certa frequência em regiões quentes, com solos mal preparados (com encrostamento superficial) e úmidos. Lavouras implantadas em solo bem manejado e em áreas de plantio direto, onde a temperatura do solo não chega a ser tão elevada, têm menor incidência do problema.
UmidadeOutro tipo de tombamento foi observado pelo pesquisador da Embrapa-Soja, Ademir Henning, na região de São Jorge do Ivaí (Norte do Paraná). A principal característica do tombamento naquela área é a deterioração da raiz (radícula) da plântula. Segundo Henning, o problema foi causado pela ação dos fungos. ‘‘Não sabemos ainda qual fungo está agindo, porque os materiais coletados estão em fase de incubação e análise’’, diz o pesquisador.
Henning ressalta que a principal causa desse problema é o excesso de umidade no solo. ‘‘Após o plantio, as sementes acabaram ‘lavadas’ e os fungicidas diluídos, prejudicando a ação do tratamento de sementes. O solo muito úmido acaba também oferecendo condições precárias para a germinação da semente’’, diz.
Segundo os pesquisadores, não há forma de controlar o problema em lavouras já atingidas. Os produtores que tiveram problemas com tombamento devem observar a intensidade dos danos causados. A recomendação é replantar as lavouras quando o número de plantas mortas pelo fungo ou por queimadura de colo for muito grande. Ou seja, quando as plantas atingidas causarem falhas muito extensas numa mesma linha, deixando, consequentemente, grandes falhas no estande. Nesses casos, a baixa população de plantas pode causar quebra na produção.
ReuniãoOs pesquisadores da Embrapa-Soja, Lineu Domit, Norman Neumaier, José Renato Farias e Álvaro Almeida estiveram domingo em Maringá, onde se reuniram com técnicos da Cocamar, Sealcoop, Mariagro, Campos Verdes, Unicampo, Cocari e agricultores. O objetivo da reunião foi discutir o tombamento da soja, repassar informações e orientações sobre o problema.