Mais uma alternativa para o arenito
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001
Lucinéia Parra De Maringá
Produtores da região Noroeste do Estado, especialmente do município de Paranavaí, começam a se render a uma nova cultura como opção de maior rentabilidade: o sorgo granífero. Mais resistente às altas temperaturas e falta de chuvas, o sorgo granífero ainda apresenta como vantagem o baixo custo de produção. O plantio da nova cultura faz parte do projeto de recuperação na região arenito caiuá desenvolvido pela Sementes Agroceres, que firmou parceria com a Mr. Frango, empresa que investiu na construção de uma estrutura para receber o sorgo granífero.
A vantagem do sorgo granífero sobre o milho e soja, conforme o coordenador da Monsanto, Marcelo Bohnen, é a resistência da planta para as altas temperaturas. Considerando que a região de Paranavaí registra em média temperatura mais elevada do que outras cidades do Noroeste do Estado, e com períodos prolongados de estiagem, o sorgo granífero surge como a melhor opção para os produtores.
LendaEste tipo de cultura, conforme Bohnen já é plantanda em larga escala nos estados do Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. No Paraná, a maioria dos produtores têm experiência com o sorgo forrageiro. Bohnen garante que não passa de lenda os comentários de que o sorgo apresenta muitos problemas de doença e de que a cultura esgota a terra. Ao contrário, porque a nossa proposta é incentivar o plantio do sorgo pelo sistema de plantio direto que contribui para a recuperação do solo, explica.
Além de mais resistente, o sorgo granífero tem custo menor de produção. Enquanto o custo de produção do milho é de R$ 1.100,00 por alqueire, o custo do sorgo é de R$ 600,00 podendo chegar a R$ 900,00. O sorgo tem menores tratos culturais e menos problemas com ervas daninhas, pragas e doenças, garante Bohnen. Com relação a produtividade, o sorgo é equivalente ao milho.
Apesar de ter um preço menor do que o milho na comercialização, o sorgo ainda pode ser vantajoso para os produtores, segundo Bohnen. Ele explica que a cultura tem um ciclo rápido - 110 dias - e pode ser plantada como opção de renda entre janeiro e abril, período de entresafra da mandioca, cultura que é muito cultivada na região de Paranavaí. Além disso, o sorgo pode ser cultivado de setembro a março, garantindo até duas colheitas, sendo que a segunda apresenta produtividade 40% menor que a primeira.
DificuldadesA grande dificuldade para o plantio do sorgo granífero na região era a falta de estrutura de recebimento. Problema que foi sanado pelo frigorífico Mr. Frango. A empresa investiu na construção de uma estrutura para recepcionar 20 mil toneladas de sorgo por ano, com capacidade de ampliação para 60 mil toneladas. A expectativa, conforme o gerente de insumos da Mr. Frango, Carlos Roberto Loreto é de que o plantio do sorgo granífero na região ocupe uma área de 4.300 hectares neste ano. Segundo ele, o grão do sorgo pode ser usado no mix alternativo para composição da ração sem perda de qualidade do alimento.
Conforme Loreto, os agricultores da região estão empolgados com a nova cultura, especialmente por ela se apresentar como uma nova alternativa de renda. Todos sabem que o sorgo é mais resistente a alta temperatura e ao período de estiagem, diz.
O produtor Isaias Sorde já tem experiência com a cultura do sorgo granífero. Ano passado ele fez o primeiro teste e gostou do resultado. Minha propriedade é bem próxima da cidade e com o milho, havia muito roubo. Com o sorgo não há este problema, justifica. Segundo ele, o custo de produção do sorgo é inferior ao do milho e a produtividade compensa o preço menor na hora da comercialização. A resistência do sorgo para a seca é impressionante, acrescenta Sorde. Segundo ele, o risco de queda de produtividade do milho em relação ao sorgo é muito maior, especialmente se na época do espigamento ocorrer uma estiagem prolongada.