O Brasil se destaca, cada vez mais, no mercado mundial de produtos agrícolas, demonstrando a competividade de nosso Agronegócio. Mas, o que faz com que nossas cadeias produtivas do Agro sejam competitivas, mesmo levando em conta nossas inúmeras deficiências estruturais? A resposta está na Inovação.

Inovação é a inserção de conhecimentos e ideias novas nos processos produtivos, obtendo produtos melhores ou a custos menores, de forma a ampliar mercados e garantir maiores retornos para as empresas e para o Brasil. E a palavra chave que identifica algo como “inovador” é o “mercado”: uma ideia só se transforma em Inovação se for aceita pelo “mercado”, ou seja, se está inserida em um sistema produtivo e/ou utilizada por um consumidor.

Importante notar que uma inovação pode ter vários aspectos. Pode ser um produto novo, como um sensor ou aplicativo para tomada de decisão, um serviço diferenciado, a exemplo de vendas com produtos rastreáveis utilizando tecnologia blockchain, um processo produtivo mais sustentável, como o uso de um bioinsumo ou indicação de prática de manejo que leve a uma economia, ou uma forma de gerenciar mais adequada, entre outras. O essencial é que seja algo realmente utilizado e não, apenas, uma “boa ideia”.

No caso específico do Agronegócio, a abrangência do conceito deve ser ressaltada: as Inovações podem -e devem- acontecer desde a produção de insumos (o antes da porteira), na produção agrícola propriamente dita (o dentro da porteira) ou na fase de processamento e distribuição (o depois da porteira). Lembrando ainda que o Agronegócio inclui o usuário final, indo até a compra pelo consumidor interessado em se utilizar do produto.

Ao observar essas enormes possibilidades de se inserir Inovações Tecnológicas nas cadeias produtivas do Agronegócio, nunca é demais ressaltar que o uso do termo “tecnologia” como sinônimo de “tecnologia da informação” no caso de inovações é, no mínimo, inadequado. Há um crescente uso de inovações químicas, biológicas, mecânicas e em outras área do agronegócio que representam aportes tecnológicos muito relevantes e têm se demonstrado essenciais no processo de ampliação da competitividade brasileira.

Finalmente, resta lembrar que as inovações tecnológicas derivam, quase sempre, de conhecimento científico. Assim, se pretendemos manter e ampliar nossa presença competitiva nos mercados mundiais do Agronegócio, precisamos investir em Ciência e Tecnologia. Sem isso, nossa hegemonia nesses mercados será efêmera.

Paulo Sendin

Engenheiro Agrônomo – Membro da Governança AgroValley