Informalidade emperra cadeia produtiva
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sexta-feira, 28 de junho de 2013
Dados da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) apontam que 92% da produção de carne de cordeiro estão inseridos no mercado informal, ou seja, não possuem certificação e nem rastreabilidade do produto. Para o presidente da entidade, Paulo Afonso Schwab, o abate sem inspeção causa insegurança alimentar. "A ovinocultura de corte é um mercado que está tentando se organizar", destaca o presidente.
A produção brasileira de carne de cordeiro inspecionada registrou em 2012 um volume de 5,74 mil toneladas, contra uma estimativa de 74 mil toneladas produzidas pelo mercado informal. No mesmo ano, o consumo nacional chegou em torno de 85 mil toneladas. Por causa disso, o Brasil teve que importar 4,2 mil toneladas de carne. Apesar da alta produção do mercado informal, o Brasil ainda não consegue suprir a demanda interna pelo produto.
De acordo com o presidente, a maior parte dos produtores vai para o mercado negro devido aos elevados impostos que reduzem os índices de rentabilidade. "São necessárias mais políticas de incentivos a novos criatórios", declara. Schwab acrescenta que a desoneração do PIS/Confins seria um grande avanço para a ovinocultura. "Onde há informalidade, as indústrias não se instalam", lembra o presidente.
Qualidade
Schwab salienta que é preciso trabalhar com a qualidade da produção. Assim, aos poucos o mercado informal vai se adequando às boas normas de qualidade. "Agora precisamos expandir o nosso rebanho que é de pouco mais de 17 milhões de cabeças, segundo dados oficiais", completa. Para ganhar em qualidade, o presidente da Arco aponta que o setor está investindo em animais de alto potencial genético.
Ele sublinha que os criadores têm que ver o setor como um negócio e não como mais uma fonte complementar de renda. "Primeiro, é necessário melhorar o índice de reprodução, que deveria ser de um cordeiro por ovelha", enfatiza. Segundo ele, metade das ovelhas do rebanho nacional fica sem parir, o que gera prejuízos. Para melhorar esse índice, Schwab completa que é preciso investir em alimentação, sanidade e bem-estar dos animais. (R.M.)