Uma das novidades da 10ª edição da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé 2017) foi o minicurso de torra. Durante os três dias da feira, que ocorreu no Centro de Eventos de Jacarezinho, mais de 70 pessoas, entre compradores, torrefadores, produtores e visitantes, participaram da oficina de três horas de duração. O curso foi trazido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), um dos parceiros da Ficafé, realizada pelo Sebrae/PR, Cocenpp e Acennp e terminou nesta sexta-feira (6).

O instrutor Marcos Reis, que ministrou as oficinas, disse que os participantes aprenderam um pouco da teoria e prática para entender os princípios básicos de uma boa torra de café. Na sequência, todos foram convidados a provar as bebidas e perceberem as diferenças entre um café no ponto, cru, cozido ou queimado. "Hoje, 99% dos cafés que temos nos mercados são queimados e não dá para beber sem açúcar. Aqui, o pessoal conheceu o que é uma boa torra para fazer em casa, na fazenda, na cafeteria um café de mais qualidade", explicou.

Na avaliação de Reis, ainda falta bastante conhecimento entre cafeicultores e consumidores. Os cafés encontrados no mercado possuem muitos defeitos e, segundo o especialista, o gosto ruim fica mascarado pela torra escura. "O café especial, naturalmente doce, nem de açúcar precisa", apontou. O instrutor acrescentou ainda que, apesar de o Brasil ser o segundo maior consumidor mundial de café, a população não tem acesso ao café de verdade. "O consumidor toma um café de má qualidade e tem azia, queimação, dor de cabeça ao invés de aproveitar os benefícios da bebida", completou.

O casal de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Silvia Lopes Severo e João Severo, viajou 1.200 quilômetros para visitar a Ficafé e aproveitou o curso de torra para aprender um pouco mais sobre os grãos. Eles pretendem abrir, em breve, uma loja especializada em cafés na cidade onde moram. "Aprendi bastante coisa, que fará diferença até na hora de fazer o cafezinho do dia a dia, achei bem interessante", contou Silvia.

Severo, que já tem alguma experiência com a degustação da bebida, considerou o curso excelente. "Na nossa região, não encontramos curso do tipo, apenas na internet. Então, viemos para conhecer a feira, fazer contatos com produtores, cooperativas", afirmou. Para ele, o gosto do café da região é diferente daquele encontrado mais ao sul do país. "O café mais simples que tem aqui é melhor do que o melhor café que tem lá", garantiu.

O consultor e gestor do projeto de Cafés Especiais do Sebrae/PR, Odemir Capello, destacou que a torra faz parte de um dos ciclos da cadeia do café, mas, até então, a feira nunca tinha oferecido um curso do tipo aos visitantes. "A intenção foi difundir o processo de torra dos cafés especiais", comentou. Capello reforçou a importante parceria com o Senar, responsável por trazer o curso para a feira neste ano, e disse que as oficinas foram muito concorridas.

Imagem ilustrativa da imagem Inédito na Ficafé, curso de torra agrada visitantes
| Foto: Rota do Café/Divulgação



Norte Pioneiro é destaque no Café Qualidade Paraná 2017
Os cafés do Norte Pioneiro foram o grande destaque da premiação do 15º Concurso Café Qualidade Paraná 2017, do governo do estado, realizada na quinta-feira (5), durante a 10ª edição da Ficafé, que se encerrou nesta sexta (6), no Centro de Eventos de Jacarezinho.

Foram premiados os melhores cafés paranaenses nas categorias natural, microlote natural, cereja descascado, e microlote cereja descascado. Ao todo, 129 amostras das regiões de Apucarana, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Londrina, Maringá, Santo Antônio da Platina e Toledo foram analisados por uma comissão julgadora composta por 15 juízes de diversos setores vinculados à cafeicultura.

Nas categorias cereja descascado e microlote cereja descascado todos os ganhadores são do Norte Pioneiro. Para o consultor e gestor do projeto Cafés Especiais do Sebrae/PR, Odemir Capello, isso mostra a importância do trabalho realizado com os cafeicultores dentro do programa 100% Qualidade. "É uma premiação grande, que avalia os cafés do Estado todo, e ficamos com a maioria dos prêmios. É o reflexo do investimento que temos feito na produção do cereja descascado", avaliou.

A cafeicultora Maristela de Fátima da Silva Souza, de Tomazina, ficou com o 1º lugar na categoria microlote cereja descascado. Ela conta que trabalha com esse tipo de processamento de grãos desde 2015 e esta foi a primeira vez que participou do concurso. "É uma emoção muito grande e um incentivo para fazer ainda melhor no ano que vem", comemorou.

O primeiro lugar na categoria cereja descascado ficou com Valdeir Luiz de Souza, também de Tomazina, e esposo de Maristela. Para ele, a premiação é muito gratificante. "Trabalhamos todo dia, até tarde da noite, descascando café. Então, o prêmio é o reconhecimento", disse.