Segundo dados do Deral (Departamento de Economia Rural), o Paraná atingiu apenas 16% (equivalente a aproximadamente 900 mil hectares) de toda a área esperada para o plantio. No mesmo período do ano passado, o dobro dessa área já havia sido plantado, com 33% do total, equivalente a 1,8 milhão de hectares. Especialistas alertam para cenário crítico de atraso em algumas regiões.

Imagem ilustrativa da imagem Falta de chuva atrasa plantio de soja no Paraná
| Foto: Gustavo Carneiro

A maior parte dos produtores que arriscou a plantar está localizada no Sudoeste, como Francisco Beltrão e Pato Branco, região que recebeu um pouco mais de chuvas que o restante do Paraná. “A situação mais preocupante hoje é na região de Toledo e Cascavel (Oeste), em que o atraso está maior, pois a região começa a plantar a partir do dia 11 de setembro”, comenta Marcelo Garrido, economista do Deral. O economista indicou que este é um dos cenários mais críticos em relação ao plantio tardio de soja no Paraná. Na semana passada, os dados indicavam o maior atraso dos últimos 10 anos.

Os produtores esperam chuvas até o final do mês, que precisa ser abundante o suficiente para umedecer o solo e perene para contribuir para a germinação da semente. “Se não ocorrer uma chuva nos próximos dias, pode ter uma redução de produtividade nesses 16% de área que já foi plantada”, afirma.

Outro problema é que o atraso no plantio de soja retarda também a segunda safra do próximo ano, no plantio de milho. “A maior preocupação é ter um problema de calendário, porque tem que respeitar o zoneamento agrícola, de acordo com cada região do Estado. O produtor possui uma data limite para poder plantar esse milho, senão ele pode perder algumas garantias, como o seguro, que obedecem a esse calendário”, afirma. Além disso, o plantio de milho tardio eleva o risco de pegar períodos de geada e excesso de frio, que resultam em perda de produtividade.

Ao mesmo tempo, o economista explica que no ano passado também houve atraso no plantio de soja e, surpreendentemente, houve recorde de produtividade do grão. Por isso, ainda é cedo dizer se essa seca terá impacto na produtividade e, consequentemente, a elevação do valor da oleaginosa no mercado.

Mesmo assim, nenhum produtor quer correr o risco e aguarda a chuva com ansiedade. “Está prevista para perto deste final de semana, mas tem que aguardar, porque o que tem ocorrido é que estamos tendo previsão, mas a chuva não está ocorrendo”, menciona. A estimativa de produção de soja para este ano está menor que ano passado, considerando que a projeção é feita com base na média histórica e na safra 2019/2020 o Paraná bateu recorde.

NORTE DO PARANÁ

A região Norte, como Londrina e Maringá, acompanha o atraso, porém, com menor destaque, pois a região já planta no mês de outubro. Luís Morais Neto, técnico ambiental do Deral, na regional Norte do Estado, explica que mesmo assim os produtores da região também estão torcendo pelas chuvas, considerando a forte seca deste ano.

“Sem dúvida, a chuva está fazendo falta. No ano passado também tivemos atraso, mas não tanto quanto agora. Ainda não estamos em situação preocupante, estamos aguardando até o final do mês, que se tivermos chuva até lá, a diferença não vai ser tão grande”, explica. De acordo com o relatório do departamento, a região está sem áreas plantadas.

Para Morais Neto, é preciso que a chuva venha e permaneça durante o mês de novembro para que não haja prejuízo em outras safras. “Principalmente o milho, pode ocorrer pegar geada, então tem um prazo curto. Atrasando essa safra, atrasa a outra também. Ainda está no limite, mas é preciso vir uma série de chuvas em novembro, porque a planta precisa de chuva no estágio certo”, argumenta.