A Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) enviou um ofício ao Ministério da Agricultura reivindicando que volte a vigorar no Paraná o calendário de semeadura da soja com 140 dias, como ocorria nas safras passadas.

Em vigor a partir de 7 de julho, a Portaria 840 alterou o calendário de plantio para a safra 2023/24, encurtando a janela para 100 dias em território paranaense. Com a mudança, os produtores poderão semear as lavouras entre 11 de setembro e 19 de dezembro.

Assinado pelo presidente da Faep, Ágide Meneguette, o ofício foi encaminhado por e-mail ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e para o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart. Até quarta-feira (9), o ministério ainda não havia respondido à entidade.

O principal argumento apresentado pela Faep foi de que o planejamento de plantio dos produtores paranaenses já está definido, pois faltam menos de dois meses para o início da safra.

“Importantes regiões produtoras do Paraná conseguem encaixar a produção de feijão e de soja no verão, o que não será possível com apenas 100 dias de janela de plantio. Não há ainda agravamento dos casos de ferrugem no Paraná que justifique uma redução tão drástica de 40 dias de uma safra para outra”, destaca Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR.

Ela reforça que, se a solução for reavaliar o número de dias para semeadura, que essa redução seja gradativa, acompanhada de argumentos técnico-científicos e principalmente que seja discutida e implementada de forma antecipada e não às vésperas do início do plantio.

“Essa mudança pode provocar principalmente prejuízos econômicos aos sojicultores, já que a mudança demandaria replanejar a programação de plantio inicialmente definida”, pontua.

A fiscalização do calendário de plantio fica a cargo da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), ligada ao governo do Estado. O produtor que descumprir a medida está sujeito a notificação e autuação. O Censo Agropecuário do IBGE aponta quase 85 mil produtores de soja no Paraná.

PLANEJAMENTO

Administrador de uma fazenda localizada no município de Maringá, Florisvaldo de Oliveira considera que a redução de 40 dias no calendário de semeadura da soja pode trazer problemas no planejamento da produção. Ele conta que na propriedade serão plantados 490 hectares de soja nesta safra.

“Vai ficar bem complicado esse prazo porque às vezes chove muito e não conseguimos plantar na data certa. O mesmo ocorre quando há estiagem prolongada, mas vamos procurar nos adequar. Acho que deveriam analisar melhor porque a gente depende totalmente do clima, não é bem a gente que decide quando plantar”, destaca.

ANÁLISE

O Ministério da Agricultura destaca que as alterações para esta nova safra levaram em consideração a análise dos dados relativos ao levantamento do Consórcio Antiferrugem, que detectou expressivo aumento nos relatos da ferrugem asiática da soja na safra 2022/23, em função do regime de chuvas ocorrido na época, conforme dados divulgados pela Embrapa Soja.

“A ferrugem asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Nas diversas regiões geográficas onde a praga foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção”, pontua.

O ministério não respondeu, até o fechamento desta edição, na quinta-feira (20), se pretende levar em conta o pedido da Faep para rever o calendário de semeadura da soja no Paraná.